Quarenta mil novos passageiros ingressaram ontem ao BRT/Move
na Pampulha, aumentando para 77 mil usuários por dia no trecho Antônio Carlos.
Eles deixaram de usar 11 linhas do antigo sistema e migraram para oito
alimentadoras, lotando as plataformas e ônibus da estação na segunda fase de
implantação do sistema na região. Com isso, agentes de campo da BHTrans, que
trabalham na Estação Pampulha, sugeriram a criação de uma linha troncal que
ligue o terminal à região hospitalar sem parar nos pontos do corredor exclusivo
da Avenida Antônio Carlos. Segundos os agentes, a demanda para os hospitais é
muito grande e fica difícil embarcar nas estações de transferência ao longo do
trajeto.
Agentes informaram ainda que a terceira fase do Move na
Antônio Carlos está marcada para o dia 12 de junho, com uma linha troncal para
atender a região da Savassi. A nova configuração obriga as linhas 50 (Centro) e
51 (hospitais) a operarem com intervalos que chegam a apenas um minuto de diferença
em alguns horários.
Mais uma vez a principal reclamação dos usuários foi a falta
de informações. Porém, diferentemente da primeira etapa, mais funcionários da
BHTrans estavam disponíveis para auxiliar os passageiros e a sinalização começa
a melhorar, com placas definitivas. Outro problema foram as filas nas
bilheterias. Sem o cartão integração, é necessário descer das alimentadoras e
comprar um bilhete unitário complementar antes de passar pelas catracas.
Repetindo a segunda-feira de estreia do Move na Antônio Carlos, houve
reclamação do serviço das alimentadoras. Por fim, a superlotação, mais uma vez,
foi alvo de protestos. "Estamos percebendo que se tivermos uma linha troncal
até os hospitais sem parar na Antônio Carlos a viagem pode demorar menos. Além
disso, os ônibus podem rodar mais vazios”, disse um agente, que preferiu não se
identificar.
A operadora de telemarketing Márcia Mendes Rodrigues, de 27
anos, se adiantou e fez o teste no Move sábado, para aproveitar o movimento
mais tranquilo. Ontem, ela orientou a mãe, que também é passageira do novo
sistema e queria ir à região hospitalar. Ambas usavam a linha 2211A, que ligava
o Bairro Campo Alegre, Norte, ao Centro. "Achei que houve prejuízo da nova
linha alimentadora. Antes, nosso ônibus ia para o Centro de 20 em 20 minutos.
Agora, passa de meia em meia hora para a estação”, afirma Márcia. Para ir aos
hospitais, a mãe de Márcia, Maria Rodrigues Teixeira, de 50, empregada
doméstica, ia pegar a linha 51 pela primeira vez. "Vamos ver como que fica, a
ajuda da minha filha foi importante para saber o que fazer. Ainda está tudo
meio confuso”, diz ela.
A assessora pedagógica Cássia Nascimento, de 41, deixou de usar a Linha 2211B, que levava os moradores do Bairro Planalto, Norte de BH, ao Centro da capital. "Gastava em torno de 35 minutos nesse trajeto. Hoje (ontem) já gastei 35 minutos sem nem pegar o ônibus que vai para o Centro”, reclama. Ela argumenta que foram 10 minutos na fila para comprar o bilhete, o que complicou o deslocamento mais rápido. O técnico em enfermagem Cristiano Nonato, de 36, acabou perdendo tempo na fila para comprar o complemento da viagem no BRT, mas não se abalou. "No início é assim, não tem jeito. Agora, tenho que comprar o cartão para fazer a integração mais rápido”, afirma.
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Monitoramento
A BHTrans informou que monitora permanentemente a demanda
das linhas existentes ou a necessidade de criar ou adaptar seus itinerários. As
linhas, segundo a BHTrans, são monitoradas de forma presencial e eletrônica
para identificar a necessidade de reforço ou aperfeiçoamento do trajeto. "As
linhas troncais já operaram ontem com o reforço previsto para a segunda etapa
no corredor Antônio Carlos”, informou, por meio de nota. Disse ainda que foi
ampliado o número de guichês por conta da demanda nas bilheterias.
Turista perdido na
estação
Em meio ao tumulto gerado pela inauguração recente da
Estação Pampulha e pela implantação da segunda fase do Move no terminal, um
homem chamou a atenção na manhã de ontem. O turista João Teixeira Queiroz
Mendes, de 51 anos, veio de Portugal com a mulher e o filho conhecer o Brasil e
se aventurou pela estação. Porém, como não estava interessado em seguir ao
Centro ou aos hospitais, ficou desorientado. "Quero ir ao Jardim Zoológico.
Como faço para chegar até lá? Estão me mandando ir até a Avenida Augusto de
Lima, para pegar o ônibus da linha 3302”, afirmou ele, indignado, já sabendo
que o zoológico fica próximo à estação.
Ele estranhou muito o fato de um agente da BHTrans ter
sugerido que ele fosse até o Centro para depois voltar à Pampulha. "Você
saberia me dizer o que podemos fazer para chegar mais rápido ao zoológico?”,
questionou, durante a conversa. Na primeira tentativa, outro servidor repetiu a
orientação anterior. Na segunda, outro funcionário conseguiu resolver o
problema. "Basta ele pegar uma das alimentadoras que vai para o Céu Azul e
descer na Avenida Portugal. Ali, ele estará a um quarteirão da orla da lagoa,
onde pode entrar no ônibus que vai ao zoológico.
Diametral extinta
A segunda fase na Antônio Carlos promoveu a primeira
extinção de uma linha diametral, que liga dois bairros. A 1207 (Betânia/ Santa
Mônica) foi substituída por uma alimentadora, que vai do Santa Mônica (Venda
Nova) à Estação Pampulha; uma troncal, da estação ao Betânia (Oeste); e três
radiais, do Betânia ao Centro. Com a saída de circulação do 1207, as três
radiais são a 2033(Betânia/Centro), 2034 (Conjunto Betânia/Centro) e 2035
(Bairro das Indústrias/ Centro). A nova troncal é a 5250 (Estação Pampulha/
Betânia) e as alimentadoras 619 (Pampulha/Santa Mônica via Santa Branca) e 620
(Pampulha/Santa Mônica via Santa Amélia).