05/03/2018 07:54 - Jornal do Commercio - PE
Após seis anos sem reajuste, a passagem do metrô do Recife deverá subir e isso acontecerá em breve. Estudos sobre o aumento estão sendo desenvolvidos – e já quase concluídos – pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Rio de Janeiro, em parceria com a superintendência regional. A expectativa é de que a passagem passe de R$ 1,60 para R$ 2,50, o que representaria um aumento de 56%. O reajuste da tarifa do metrô é algo discutido há algum tempo, mas todas as vezes deixado de lado pelo governo federal – seja por receio da repercussão política ou do impacto social –, já que os cinco sistemas metroviários sob controle da CBTU têm um caráter de transporte social forte porque os passageiros são, prioritariamente, de baixa renda. O aumento, inclusive, não atingiria apenas o sistema da Região Metropolitana do Recife, mas os metrôs de Belo Horizonte (Minas Gerais), Natal (Rio Grande do Norte), João Pessoa (Paraíba) e Maceió (Alagoas), também sem reajuste há muito tempo.
Oficialmente, nem a CBTU no Rio de Janeiro nem a superintendência em Pernambuco falam do assunto. Nem confirmam nem negam. A assessoria de imprensa da CBTU chegou, inclusive, a responder ao questionamento do JC com a seguinte frase: “A CBTU não tem nada a declarar a respeito desse assunto”. Mas a análise do reajuste e, principalmente, a decisão política de aplicá-lo já teria sido tomada pelo Ministério das Cidades. E, a partir dessa decisão, as superintendências regionais dos cinco metrôs foram autorizadas a preparar seus estudos e indicar os possíveis percentuais de aumento.
É importante destacar que o metrô do Recife necessita urgentemente do reajuste da tarifa. O valor de R$ 1,60 há seis anos é algo que até deseduca o usuário e impede a melhoria do sistema metroviário. Torna-o eternamente dependente do dinheiro do governo federal. Veja o que os metrôs custeados pela União passaram recentemente, quando ameaçaram reduzir em 80% a operação, deixando a população sem o transporte fora dos horários de pico da manhã e da noite e nos fins de semana.
Não que o reajuste que venha a ser aprovado represente a independência financeira dos metrôs – longe disso –, mas ajudará a dar robustez ao orçamento e a promover melhorias para o próprio passageiro. É preciso ter consciência de que, em transporte público, não existe almoço de graça e alguém sempre paga a conta. O passageiro pode comemorar o adiamento do aumento da tarifa, mas vai pagar, mais cedo ou mais tarde, pela queda na qualidade do serviço prestado. E olhe que, no caso dos metrôs geridos pela União, o subsídio é de quase 80% do custo de operação – situação bem diferente dos sistemas de ônibus.
Outro detalhe é que, além da urgência por mais recursos, o metrô do Recife ficará com apenas parte do reajuste da tarifa. Precisamente, com um terço do valor pago pelo passageiro porque o sistema faz integração com o ônibus. O restante da tarifa fica com o Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT). Atualmente, de cada tarifa de R$ 1,60, o sistema recolhe R$ 0,55. Sem o subsídio que o metrô do Recife dá ao sistema rodoviário, seria necessário uma tarifa de R$ 2,70 para cobrir suas despesas. Esse seria o custo real por passageiro transportado.
Mas, devido a esse subsídio, a tarifa ideal seria de R$ 7,70 atualmente. E é preciso considerar que os sistemas metroviários, diferentemente do rodoviário, banca o chamado transporte total: infraestrutura, energia, manutenção, material rodante (veículo) e pessoal. O ônibus, por outro lado, não gasta nem com energia nem com infraestrutura. Apenas com os veículos e o pessoal.