23/10/2014 06:40 - O Globo
O trecho já inaugurado do Arco Metropolitano, rodovia de
71,2 quilômetros entre Duque de Caxias (BR-040) e Itaguaí (BR-101 Sul), está
transformando a região metropolitana do Rio. Além de oferecer acessos a
importantes estradas federais, o Arco funciona como um anel de integração,
ligando a Baixada Fluminense, o Porto de Itaguaí e o Vale do Paraíba.
Os municípios de Itaguaí e Seropédica, na região
Metropolitana do Rio, vêm atraindo novos investimentos industriais em função da
proximidade com a nova rodovia
As vantagens da via expressa têm estimulado grandes
indústrias a instalar novas unidades na região. Itaguaí e Seropédica são dois
dos principais municípios que estão se beneficiando do Arco Metropolitano, por
causa da logística disponível, com a proximidade de infraestrutura portuária e
rodoviária, interligando as duas cidades com os principais municípios
brasileiros. O bairro de Santa Cruz também vem se beneficiando com a novidade.
Atualmente, cerca de 30 mil veículos trafegam pelo Arco, diariamente.
Até 2030, a expectativa é de que esse número chegue a 45
mil. O impacto positivo da via se estende a outros acessos ao Rio, desafogando
o tráfego na Ponte Rio-Niterói, na Avenida Brasil, nas Linhas Vermelha e
Amarela e nas rodovias Washington Luiz e Presidente Dutra.
NOVAS UNIDADES INDUSTRIAIS
Nos últimos anos, cerca de 30 empresas se instalaram na
região. Em Seropédica, a Procter & Gamble (P&G), a Brasilite a
Votorantim investiram mais de R$ 530 milhões para a construção de suas
unidades. Já em Itaguaí, a metalúrgica Marko investiu R$ 20 milhões na sua
unidade e, o Estaleiro da Marinha, R$ 5 bilhões. A expectativa é de que,
juntos, vão gerar mais cinco mil empregos quando estiverem em operação.
Em Santa Cruz, a Lafarge inaugurou, no início do ano, a
Unidade de Cimento Rio com investimentos de R$ 70 milhões, gerando 50 empregos
diretos e 170 indiretos.
A oferta de postos de trabalho qualificados e bem
remunerados vem promovendo a elevação da renda e estimulando a economia local.
O salário médio pago pela indústria do petróleo na região está em torno de R$
12 mil, segundo o IBGE.
Região confirma a sua
vocação logística
Vicente Loureiro, subsecretário de Urbanismo Regional e
Metropolitano da Secretaria de Estado de Obras, fala sobre a importância do
Arco Metropolitano para a economia do estado do Rio de Janeiro e as
oportunidades geradas com a inauguração de parte da via, especialmente para o
segmento industrial, de logística e de transportes de cargas.
Qual a importância do Arco Metropolitano para a economia do estado?
O Arco Metropolitano atravessa as principais rodovias do
estado, conecta o Porto de Itaguaí e facilita o acesso ao Porto do Rio, além de
contribuir para o escoamento do trânsito pesado de cargas. Além disso, oferece
oportunidades para o segmento industrial e de logística.
Que oportunidades?
No trecho que está em funcionamento, já pode ser confirmada
a vocação da região para a logística.
Em um dos pontos do Arco está o Porto de Itaguaí. A rodovia veio
fomentar o fluxo de importação e exportação?
O Porto de Itaguaí já se destaca como importante
distribuidor de minério, mas existe o potencial para dinamizar atividades,
tendo Seropédica como retroárea.
Que outros locais serão beneficiados?
Caxias, na região de Capivari. Lá também a prefeitura estuda
o aproveitamento de uma parte da Cidades dos Meninos, uma região de 25 km2 .
Isso ainda depende de soluções técnicas, por questões ambientais. Em Xerém, na
altura da RJ 085, o trânsito da região ficará melhor, pelo novo acesso a
Petrópolis; e Santa Cruz, que é beneficiário indireto do Arco, recebeu
recentemente unidades da Gerdau, CSA e Firjan. Todos esses locais já estavam se
desenvolvendo, mas o processo está sendo acelerado pela presença do Arco.
Qual o impacto do Arco na geração de empregos?
Estudo realizado pela Secretaria de Obras do estado, em
parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e
a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que o Rio vai ganhar
cerca de 1,5 milhão de vagas nos próximos 15 anos. Desse total, cerca de 800
mil na área de influência do Arco.
Quais as vantagens da migração do emprego para o Grande Rio?
A migração obriga o estado a equacionar o planejamento da
região de forma a identificar soluções para o adensamento urbano. Essas regiões
exercerão papéis importantes no crescimento do estado, então é necessário criar
melhores condições de vida nesses locais, como por exemplo, a distribuição de
equipamentos, como hospitais, escolas, creches e até mesmo opções de lazer.
Essa transformação acaba criando novos trajetos e integrando a região
metropolitana.
CRESCE A PROCURA POR MORADIA DE QUALIDADE
O mercado imobiliário tem acompanhado o crescimento
industrial de Itaguaí, Seropédica e Santa Cruz. Com a instalação de grandes
indústrias nesses locais, cresce também a demanda por moradia de qualidade.
Incorporadoras e construtoras estão levando para a região o
conceito que reúne lazer, trabalho e moradia num mesmo empreendimento,
tendência já consolidada nos grandes centros urbanos.
A João Fortes Engenharia foi pioneira e apostou na região
lançando, em 2011, o Fusion Work & Live, em Itaguaí, o primeiro mixed used
da cidade. "Enxergamos em Itaguaí um enorme potencial de crescimento
imobiliário e empresarial, a começar pela localização e facilidade logística do
município”, explica Luiz Rimes, diretor nacional de negócios da João Fortes
Engenharia.
O condomínio, já em fase de finalização, está localizado em
um terreno de 15 mil m2, em frente à rodoviária de Itaguaí. A menos de 1 hora
da Barra da Tijuca pela Transoeste e próximo à Rio-Santos.
O Fusion possui 1.032 unidades. São 24 lojas, 284 salas
comerciais, 202 apartamentos com serviços, 288 unidades de apart-hotel e 234
apartamentos. O apart hotel e as lojas foram comercializadas no lançamento, mas
a empresa inaugurou um novo estande de vendas no local, onde ainda é possível
adquirir apartamentos e salas comerciais.
A oferta de imóveis para moradia na região, porém, está
longe de atender à demanda. A prefeitura do município calcula um aumento de 40%
da população local, além da duplicação do número de trabalhadores fixos e
flutuantes, gerada pela chegada de novas empresas.
"Com a infraestrutura de moradia facilitada pelo Arco
Metropolitano, Itaguaí ainda vai mudar muito nos próximos três a cinco anos. E
a implantação do polo industrial nos faz acreditar em mais 10 anos de
crescimento do mercado imobiliário”, finaliza Luiz Rimes.