12/04/2022 06:50 - Valor Econômico
Por Marta Watanabe — De São Paulo
Os dados de despesas por áreas mostram que o crescimento de investimentos nos Estados no início de 2022 foi puxado pela área de transportes. As despesas nessa função totalizaram R$ 2,67 bilhões no agregado dos 26 Estados e Distrito Federal no primeiro bimestre deste ano, com alta real de 56,4% em relação a igual período de 2021.
O dado do primeiro bimestre mostra tendência parecida com o que aconteceu no decorrer de 2021, quando os investimentos avançaram entre as despesas estaduais, com destaque para a função de transportes, diz Ursula Dias Peres, da Rede de Pesquisa Solidária. Dados de levantamento da entidade mostram que as despesas na função “transportes” chegaram a R$ 40,84 bilhões em 2021, com alta real de 56,7% em relação ao período pré-pandemia de 2019. Nesses valores, explica, predominaram provavelmente os investimentos em infraestrutura logística, estradas, acessos e afins.
Para Manoel Pires, a alta nessa função, que reflete o aumento dos investimentos, é uma “boa notícia” porque essa não é uma despesa obrigatória permanente, o que faz sentido num cenário de moderação de aproveitamento do bônus fiscal que os Estados tiveram.
Os relatórios fiscais do primeiro bimestre, embora ainda não apresentem tendência para o restante do ano, destacam os especialistas em contas públicas, também mostram que os gastos com saúde no primeiro bimestre somaram R$ 14,2 bilhões, com queda de 3,6% reais em relação a igual período de 2021. Nessa função, aponta Pires, há provavelmente uma base alta de comparação, já que nos primeiros dois meses do ano passado o país entrava numa intensa segunda onda de covid-19 e ainda mantinha despesas altas na saúde desencadeadas no primeiro ano da pandemia, em 2020.
Já a educação, ainda segundo os relatórios fiscais, somou R$ 17 bilhões no agregado, com avanço real de 10% nos gastos também no primeiro bimestre de 2022, em comparação interanual. Nesse caso, avalia, Pires, como não houve aumento de gastos de pessoal nesse período no conjunto dos Estados, parece que houve um esforço para recompor gastos num cenário de normalização do funcionamento das escolas, já que as aulas presenciais ao início do ano passado estavam suspensas.