21/04/2020 08:00 - Extra - RJ
O Rio de Janeiro nunca foi tão diferente para cariocas e fluminenses. A pandemia fechou o comércio, esvaziou os transportes públicos e deixou as praias praticamente sem ninguém. Na marra, a população teve que rever hábitos e mudar completamente o estilo de vida. Isso trouxe problemas — uma pesquisa da Fecomércio estima que 464 mil pessoas ficaram sem trabalho no estado: é como se toda a cidade de Campos dos Goytacazes fosse, de uma hora para outra, dispensada do emprego. Por outro lado, efeitos como a redução do lixo e da poluição do ar trazem esperança.
Uma nota técnica do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e da Prefeitura do Rio revela que, em toda a Região Metropolitana, a poluição atmosférica diminuiu durante a quarentena.
Na região de Santa Cruz, foi identificada uma queda de 91% na concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), emitido em grande volume por veículos a diesel, como caminhões e ônibus.
A concentração de monóxido de carbono (CO), lançado sobretudo por veículos a gasolina, também caiu: em Copacabana, a redução foi de 75%.
— A qualidade do ar tem ficado numa classificação boa — diz o gerente de monitoramento da Secretaria municipal de Meio Ambiente, Bruno Bôscaro França. — Antes, era regular ou até inadequada.
Algo que explica essa melhora são as alterações drásticas no sistema de transporte público. De acordo com a Rio Ônibus, até o começo da pandemia, 3,5 milhões de pessoas utilizavam o meio por dia: um balanço agora mostra um total 70% menor.
Poucos passageiros também hoje circulam no metrô, que contava com 900 mil clientes em dias úteis e viu esse número ser reduzido em 83% — hoje são por volta de 149 mil. Na SuperVia, a média hoje é de de 204 mil ao dia, menos da metade dos 600 mil registrados antes.
Menos carros nas ruas, menos acidentes. A CET-Rio informou que de segunda a sexta-feira da semana passada, foram 47 atendimentos. Na semana anterior ao isolamento social (9 a 13 de março), esse número foi de 120.
E a crise, é claro, vem acirrando os ânimos. Com as pessoas passando mais tempo em casa, discussões entre vizinhos aumentaram cerca de 25% neste último mês, de acordo com o Secovi Rio, sindicato que representa mais de 29 mil condomínios e imobiliárias do estado. Entre os principais motivos dos conflitos estão o barulho, a insistência em usar as áreas de lazer e itens deixados no corredor.