Curitiba: Anel Viário não agiliza deslocamento

21/05/2013 04:57 - Gazeta do Povo

O motorista que utiliza o recém-implantado Anel Viário de Curitiba para ganhar tempo e fugir do tráfego congestionado no Centro da capital pode se decepcionar com as filas. Estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) revela que a velocidade média dos automóveis que percorrem ruas do anel, como a Engenheiro Rebouças, a Desembargador Motta e a Prefeito Omar Sabbag, não ultrapassa os 30 km/h nos horários de pico. Cenário que pouco mudou em relação a seis anos atrás, antes das obras na região.

A pesquisa de campo foi feita em novembro e dezembro do ano passado por técnicos do Ippuc em cinco diferentes rotas do Anel Viário, sempre em horários de pico (das 7 às 10 horas e das 17 às 20 horas). Os resultados foram confrontados com os mesmos percursos percorridos em 2006. Em 16 trechos passíveis de comparação, a velocidade média aumentou nove pontos, enquanto diminuiu em outros sete. Para o bem ou para o mal, as diferenças são pequenas.

Para o supervisor de In­for­mações do Ippuc, Oscar Ricardo Schmeiske, os dados do estudo podem ser considerados positivos, se levado em conta o crescimento da frota no período – apenas entre 2006 e 2012, o número total de veículos em Curitiba aumentou 35%, chegando a 1,3 milhão no ano passado. "A velocidade média na região hoje não é ruim, mas a tendência é que ela piore, até o momento em que os motoristas se acostumem a essas rotas. Então, temos de pelo menos manter essa velocidade para tornar esses percursos atrativos”, diz.

As obras do Anel Viário se estenderam ao longo de 2011 e do primeiro semestre do ano passado, com a revitalização de 25 quilômetros de ruas. Essas vias, que funcionam como binários (vias paralelas com um único sentido), formam um anel poligonal ligando os bairros localizados ao redor do Centro de Curitiba – a intenção é que o motorista não precise passar pelo Centro para se deslocar entre bairros.

Medidas complementares

Para especialistas, a manutenção da velocidade média nas ruas pesquisadas pelo Ippuc ao longo dos últimos anos é um indicativo de que as obras cumpriram seu papel. Por outro lado, a marca máxima de 30 km/h mostra que o sistema já está operando no limite. "Agora, a única forma de melhorar o acesso é pela tecnologia de informação, com melhor controle eletrônico do tráfego e sincronização dos semáforos, por exemplo”, afirma o engenheiro civil Mauro Lacerda Santos Filho, professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná.

Carros demais

"Aumentar a velocidade de um trecho é difícil”

O engenheiro civil Ricardo Bertin, coordenador do curso de Engenharia Civil da PUCPR, lembra que, independentemente da rua, a velocidade do tráfego está diretamente relacionada à frota de veículos. A relação é facilmente entendida: quanto mais carros ocupando o mesmo lugar, menos espaço há para eles se deslocarem. "Aumentar a velocidade de um trecho é difícil, a não ser que se aumente a via. E aí, uma intervenção nesse sentido poderia sacrificar os pedestres e estacionamentos, ao retirar espaço das calçadas e das vagas”, aponta.

A lógica, ao que indica o supervisor de Informações do Ippuc, Oscar Ricardo Schmeiske, será levada em conta no planejamento da prefeitura. O Ippuc não prevê novas intervenções nas vias que compõem o Anel Viário, a não ser em acessos a essas ruas principais – atualmente, técnicos estão fazendo a medição no número de veículos nesses pontos para estudar a necessidade de possíveis obras, de pequeno porte.

A promessa é que mudanças positivas na fluidez do tráfego ocorram a partir de julho, quando a prefeitura finalmente deve concluir os acertos no sistema de sincronização dos semáforos – reivindicação constante dos motoristas e que tem resultados mais expressivos em vias de mão única, como as que integram o Anel.

INFOGRÁFICO: Estudo do IPPUC mostra a velocidade média em cinco rotas do Anel Viário de Curitiba