Governo do Reino Unido anuncia socorro de quase 15 bilhões de reais para auxiliar rede de transportes de Londres

02/11/2020 08:00 - Diário do Transporte

ALEXANDRE PELEGI

O governo britânico alocará 1,8 bilhões de libras (cerca de 14.8 bilhões de reais) para possibilitar a rede de transporte de Londres, composta pelo metrô e ônibus, continue operando até março de 2021.

Os recursos, provenientes de fundos de emergência, auxiliarão no impacto prolongado da pandemia de coronavírus, que continua prejudicando as receitas do setor.

O anúncio coincide com a determinação do primeiro ministro Boris Johnson de instalar novo lockdown a partir desta quinta-feira, 05 de outubro, até dia 02 de novembro. 

O negócio com o Departamento de Transporte segue até o final do ano fiscal, que ocorre em março do ano que vem, e está sujeito aos níveis da receita proveniente dos passageiros previstos no orçamento revisado da Transport for London (TfL). Este valor pode inclusive aumentar se a receita real obtida for menor que a estimada.

A difícil situação financeira do Transport for London (TfL), empresa que gerencia o sistema de transporte na capital britânica, provocou recentemente uma disputa entre o prefeito da capital Londres, o trabalhista Sadiq Khan, e o Executivo Conservador, liderado pelo Primeiro-Ministro Boris Johnson. Johnson propôs medidas de contenção de despesas como o fim do transporte gratuito de menores e crianças, e de idosos com mais de 60 anos.

TAXA DE CONGESTIONAMENTO NÃO SERÁ AMPLIADA EM LONDRES

Com o anúncio do aporte de quase 2 bilhões de libras,  o prefeito Khan anunciou que o acordo entre as instâncias de governo vai compensar a forte queda nas receitas da rede metropolitana sem a necessidade da adoção de outras possíveis soluções propostas pelo governo, como a expansão da área londrina onde é preciso pagar uma taxa para circular com transporte motorizado privado, a conhecida “taxa de congestionamento“.

Khan afirmou que conseguiu com que o governo retirasse do acordo a condição de estender a taxa diária de 15 libras para motoristas de automóveis a mais partes da cidade, medida que teria afetado cerca de 4 milhões de pessoas.

QUEDA DE RECEITA DEVIDO À PANDEMIA

Em nota, o prefeito reconheceu que o pacto “não é o ideal“, mas que consegue evitar as “piores medidas” propostas pelo Executivo central. No comunicado, Kahn afirmou ainda que as negociações com o governo “têm sido uma distração terrível e totalmente desnecessária em um momento em que cada grama de atenção deveria estar focada em tentar retardar a disseminação da Covid-19 e proteger empregos”.

Para o primeiro-ministro Boris Johnson, no entanto, a rede de transporte de Londres já se encontrava em situação de “falência técnica” antes da pandemia, mas o prefeito Sadiq Khan insistiu neste domingo que “a única razão pela qual o TfL precisa do apoio do governo é porque sua receita de passagens estão quase extintas desde março. ”

Ainda segundo a nota de Sadiq Kahn, a cidade de Londres está empenhada em arrecadar dinheiro adicional nos próximos anos para manter o serviço de transporte como é hoje. O prefeito está considerando “um aumento modesto” nas taxas municipais, além de manter as mudanças temporárias introduzidas na área residencial prioritária em junho passado. Relembre: Londres terá faixas exclusivas de ônibus 24 horas em todos os dias da semana / Londres anuncia planos para tornar centro da cidade uma das maiores zonas livres de carros entre as capitais mundiais

Na carta enviada pelo Ministro dos Transportes, Grant Shapps, ao prefeito de Londres, Sadik Khan, o governo do Reino Unido informa de que estavam finalmente atendendo aos pedidos da prefeitura e especifica que, a longo prazo, o objetivo é desenvolver um plano antes de abril de 2023 que permita a viabilidade financeira da rede.

As próximas eleições para o prefeito de Londres estão marcadas para maio do próximo ano, o que tornou a disputa pela situação financeira da TfL como um dos pontos-chaves na disputa eleitoral.

NO BRASIL, AUXÍLIO DE R$ 4 BILHÕES SEGUE ENGAVETADO NO SENADO

Enquanto isso, o setor de transporte no Brasil segue sem prerspectiva de qualquer ajuda da União.

O auxílio de R$ 4 bilhões, que seria distribuído para atenuar a grave crise do sistema de transporte em cidades com amis de 200 mil habitantes segue fora da pauta de votação do Senado, após rer sido aprovado na Câmara.

O transporte de massa em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente em situações de concessão privada, corre o risco de colpaso anunciado desde maio.

E, São Paulo, o nível de subsídios deverá crescer ainda mais em 2021.

Já em cidades médias, a situação é calamitosa, e será sem dúvida uma das maiores dores de  cabeça para as novas administrações municipais, que seguem sem saber como trazer novas receitas, a não ser contar com aumentos tarifários.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes