14/08/2021 09:33 - NSC Total
Respostas, ou ao menos parte delas, que Blumenau tanto busca para resolver a complexa equação da sustentabilidade do transporte coletivo podem estar a cerca de 50 quilômetros de distância. A prefeitura de Itajaí publicou na última semana um edital que prevê a concessão do serviço de ônibus pelos próximos 20 anos. É uma nova tentativa do município de buscar estabilidade para o sistema, que desde 2017 roda com contratos emergenciais. Itajaí, afinal, pode até estar do lado do mar, mas não é uma ilha imune aos desafios da mobilidade urbana em tempos de pandemia.
Convém a Blumenau monitorar de perto o andamento do processo na cidade vizinha, já que o edital proposto traz um modelo diferente do que já se viu por aqui até agora. Além de contar com uma previsão legal de subsídio público – estimado em R$ 4 milhões anuais –, Itajaí está apostando onde o transporte costuma apertar mais para o usuário: o bolso. Neste ponto, a implantação de uma tarifa única surge como principal diferencial da proposta.
Funcionaria como um passe livre diário, mediante o pagamento de uma passagem de R$ 6 que daria direito a integrações e embarques ilimitados nos ônibus – em Blumenau a tarifa antecipada, válida para apenas um deslocamento sem conexão com os terminais, é de R$ 4,50. O usuário também poderia adquirir um pacote semanal, desembolsando R$ 36 (R$ 5,14 ao dia), ou mensal de R$ 156 (R$ 5,13 por dia), modalidades que estimulariam ainda mais a bilhetagem eletrônica.
— É uma estratégia para atrair passageiros e fidelizar o cliente no transporte. Ficando mais barato, a nossa expectativa é que aumente a demanda — justifica Rodrigo Lamim, secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Itajaí.
A conferir se a prática será condizente com a teoria de que um volume maior de usuários é a solução para o problema.
Embora com uma operação bem menor e características locais diferentes do que Blumenau, o novo modelo proposto em Itajaí demandará um investimento significativo da futura prestadora do serviço: são R$ 62,2 milhões ao longo da concessão, com uma frota de 44 ônibus equipados com ar-condicionado. Num momento de crise generalizada no transporte coletivo, haverá quem se disponha a pagar?
O interesse – ou a falta dele – de empresas na sessão de recebimento de propostas, marcada para o dia 13 de setembro, será um primeiro indicativo da viabilidade do modelo. Se surgirem interessados, por outro lado, pode ser um sinal de que há luz no fim do túnel.