Quem imagina o monotrilho que está sendo construído na zona leste de São Paulo como um "minimetrô", um meio de transporte mais modesto do que os metrôs convencionais, poderá se surpreender quando entrar nas estações da futura Linha 15-Prata. O Estado visitou a primeira estação do ramal, a Oratório, cuja obra deve terminar até dezembro.
A nova parada não tem nada de pequena. Lembra muito a
Estação Tamanduateí, da Linha 2-Verde, distante apenas alguns quilômetros dali:
tem bicicletário dos dois lados da Avenida Professor Luís Inácio de Anhaia
Melo, três elevadores para deficientes e as plataformas, que ficam a cerca de
20 metros do nível da rua, são divididas em dois pavimentos: o inferior tem a
bilheteria e as catracas e o superior, as plataformas.
A ressalva é a praticamente certa formação de filas que a
nova parada vai ter. Há só um guichê na bilheteria. "Poxa, todo mundo que
vem aqui acha que é pouco", deixou escapar um dos engenheiros da obra que
acompanhou a visita da reportagem. "Mas a gente não faz o projeto, só
executa", brinca.
A falta de mais bilheterias, no entanto, é explicada pelo
perfil dos usuários. A maior parte da venda de passagens do sistema atualmente
é pelo bilhete único, cujas cabines ainda não estão instaladas na estação.
Suporte. Os
pilares que sustentam o trilho de concreto do monotrilho já avançam quase até o
bairro de São Mateus. Eles são projetados para aguentar até impacto de
caminhões sem que a circulação dos trens fique comprometida. Já o trilho é
formado por vigas de 30 toneladas cada. Poderiam ser até mais pesadas: é que o
interior delas é preenchido por 9 toneladas de isopor. Se não fossem, elas
poderiam pesar até 75 toneladas cada uma.
"Para nós, engenheiros, é um enorme desafio: a margem
de precisão da instalação de cada uma delas é de 3 milímetros de diferença.
Pouco, uma vez que estamos acostumados a precisão de alguns centímetros",
afirma Luiz Felipe Pacheco de Araújo, coordenador das obras naquele trecho.
Prazos. As obras
civis estão entrando na fase de acabamento. Na próxima semana, deve começar a
instalação dos três conjuntos de escadas rolantes e das proteções de vidro que
vão revestir a estação.
A Estação Oratório será uma das 18 da linha até 2016, quando o ramal vai chegar a Cidade Tiradentes. Até 2015, o monotrilho deve alcançar São Mateus.
Avenida será duplicada e terá ciclovia
Os acessos para a futura Estação Oratório serão feitos por
escadas rolantes (e convencionais) instaladas nas calçadas da Avenida Luís
Inácio de Anhaia Melo. É embaixo delas que serão instalados os bicicletários da
estação. Essa parte da obra já está recebendo a terra que, daqui a algumas
semanas, vai dar suporte à grama e às árvores do projeto paisagístico da
estação.
O mesmo deve acontecer a partir de junho, quando está
previsto para começar o processo de contratação das empresas que farão o
serviço, no canteiro central da Avenida Professor Luís Inácio de Anhaia Melo.
É aí que está a ironia da obra: vai permitir que 42 mil
pessoas façam a viagem entre o centro e a zona leste a cada hora em um
transporte público rápido, mas embaixo, na avenida. O Metrô vai construir duas
faixas em cada sentido para o fluxo de carros.
Acesso restrito. Na pista sentido bairro da avenida, a estação tem um prédio de cinco andares, cujo acesso será só para funcionários. Os dois primeiros pisos terão maquinário necessário para operação da estação. "O piso é de um material chamado nora, que tivemos de importar da Alemanha", diz o engenheiro Luiz Felipe de Araújo. É isolante e não propaga as chamas. Os demais pisos serão vestiários e escritório.