02/11/2014 08:35 - O Dia - RJ
Rio - Se quiser entregar alguns dos projetos de metrô que
prometeu tirar do papel em seu próximo mandato, como a Linha 3, a extensão da
Linha 4 da Barra ao Recreio e a Linha 5 (Gávea-Carioca), o governador Luiz
Fernando Pezão terá de correr contra o tempo. O primeiro, que prevê ligar
Niterói a São Gonçalo, está com a publicação do edital de licitação das obras,
prevista inicialmente para 15 de agosto, atrasada há quase três meses.
O plano do governante é inaugurar as operações até 2018, mas
o prazo está apertado porque a previsão para conclusão das obras do primeiro
trecho a funcionar é de quatro anos. De acordo com a Secretaria Estadual de
Obras, o edital da Linha 3 está em fase de conclusão e a expectativa é de que
seja publicado ainda este ano. Após a publicação, no entanto, ainda terá de
ficar aberto para consulta pública por 30 dias. Só então a licitação poderá
ocorrer de fato. A justificativa do órgão para o atraso é de que se trata de um
documento complexo, diferente dos padrões exigidos para outras obras.
"Neste caso, envolve
uma concessão, com construção, manutenção, operação etc, já que será uma
parceria público-privada”, explicou a Secretaria em nota, informando o prazo de
5 anos e 2 meses para a entrega e o funcionamento integral das 14 estações
previstas ao longo dos 22 quilômetros de monotrilho elevado, desde a estação
Arariboia, em Niterói, até Guaxindiba, em São Gonçalo. Com investimentos
estimados em R$ 3 bilhões, a implantação da Linha 3 contará com recursos dos
governos federal (49%) e estadual (51%) e deve transportar cerca de 350 mil
passageiros por dia em 40 minutos de viagem. O mesmo trajeto é feito em até
duas horas nos horários de pico.
O governo ainda prevê a expansão da Linha 3 até Itaboraí,
com o objetivo de atender às demandas que serão originadas pela entrada em
operação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), prevista para
agosto de 2016. Entretanto, ainda não há prazo para esse trecho sair do papel.
O secretário de Planejamento e Projetos Especiais de São
Gonçalo, Arthur Belmont, afirmou que a prefeitura tem cobrado de Pezão o
cumprimento dos prazos. "O prefeito Neilton Mulim esteve em reunião com o
governador e a última informação era que o edital ia sair em setembro, o que
não aconteceu. Para o município, é uma situação desconfortável, porque não
podemos dar celeridade ao processo”, disse.
Entre os três novos trechos de metrô que Pezão prometeu tirar do papel, após a reeleição, a Linha 3 é a única cuja licitação para a construção já está sendo preparada. A Linha 5, da Gávea à Carioca, teve a concorrência para a elaboração do projeto básico, mas o prazo para conclusão do documento é de um ano e, só então, a obra poderá ser licitada. O trecho Barra-Recreio ainda nem teve o projeto básico contratado. A previsão é de que a concorrência ocorra até o fim do ano.
Remoções para dar
espaço à Linha 3 já começaram em São Gonçalo
Para viabilizar a passagem dos trilhos da Linha 3, 141 casas
localizadas junto à antiga linha férrea de São Gonçalo, no bairro Jardim
Catarina, já foram demolidas. Segundo o secretário de Planejamento e e Projetos
Espaciais, Alberto Belmont, o bairro Santa Luzia também sofrerá remoções. O
número de retiradas futuras, no entanto, não foi informado.
De acordo com a prefeitura, 328 famílias já foram
cadastradas no programa Minha Casa, Minha Vida, levando em consideração que
alguns imóveis abrigavam mais de uma. Dessas, 180 já receberam imóveis em dois
condomínios no bairro do Mundel. Outras 68 famílias já assinaram contrato com a
Caixa Econômica e serão beneficiadas através do programa com apartamentos no
Parque dos Sabiás, no Jóquei. As demais 80 famílias continuam aguardando a
conclusão de outros empreendimentos.
Ainda na área de mobilidade, a prefeitura de São Gonçalo
prevê abrir, na próxima semana, o processo licitatório para escolher a empresa
responsável pelo estudo do projeto de construção de um BRT para ligar os
bairros Santa Izabel e Gradim, cruzando todo o município, e de uma ciclovia,
que começará em Neves e seguirá o traçado da Linha 3 do metrô até Guaxindiba.
O município foi contemplado com R$ 9 milhões do governo
federal para a fase de estudos e conta com reserva de R$ 380 milhões para as
obras, que devem começar em meados de 2015 e ser entregues em 2017, segundo a
prefeitura. O BRT vai acolher 200 mil passageiros por dia.
Especialistas apontam
as prioridades
O professor de Engenharia de Transportes Alexandre Rojas, da
Uerj, diz que todos os três projetos de metrô são importantes, mas classifica a
Linha 3, de Niterói até Itaboraí, como prioritária. "Na Barra já tem BRT, que é
transporte de massa. São Gonçalo não tem nada. O Comperj, em Itaboraí, vai
demandar uma movimentação de mais de 20 mil trabalhadores. É urgente um
transporte de massa até lá”, analisa.
Já Eva Vider, mestre em Engenharia do Transporte da UFRJ,
defende a urgência da extensão da Linha 4. "A ligação do terminal Alvorada com
o metrô no Jardim Oceânico é um compromisso olímpico estabelecido com o COI
(Comitê Olímpico Internacional), por isso precisa ser cumprido antes de 2016. É
importantíssimo que o metrô vá até o Recreio imediatamente, mas o projeto já
deveria ter ido até o Alvorada há muito tempo para não ter tido a necessidade
de extensão do BRT (da Alvorada até o Jardim Oceânico, que está em
construção)”, diz Vider.
Outro trecho do metrô que é considerado prioritário é a
ligação Estácio-Carioca-Praça 15. "É uma obra importante para a Linha 2 não
depender da Linha 1 e já tem a maior parte do túnel perfurado”, lembrou Rojas.