Os principais meios de locomoção dos brasileiros para ir ao
trabalho ou à escola são andar de ônibus ou a pé, segundo levantamento
encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Ibope, que foi
realizado entre 5 e 8 de setembro, com 2.002 pessoas de 142 municípios
brasileiros. O documento sobre mobilidade urbana, entre 2011 e 2014, foi
divulgado nesta quarta-feira (14).
"Um quarto dos brasileiros [25% dos entrevistados]
adota o ônibus como seu principal meio de locomoção para se deslocar para suas
tarefas diárias, como trabalho e estudo. O segundo meio de locomoção mais usado
diariamente é andar a pé até o seu destino, hábito de 22% da população. O
automóvel da família é o meio de transporte mais usado por 19% da população,
sendo o terceiro mais adotado com frequência", informou a entidade.
Segundo a entidade, entre os 25% de brasileiros que realizam
a maior parte de seus deslocamentos diários em ônibus ou vans fretados, 42%
afirmam que o fazem por esse ser o único meio de transporte disponível, 14% por
ser o meio com custo mais razoável e 12% por ser o mais rápido.
Entre os 22% de brasileiros que realizam a maior parte de
seus deslocamentos diários a pé, 37% afirmam que o fazem por esse ser o meio de
locomoção mais rápido para seus destinos.
Segundo a pesquisa, 29% das pessoas que vão a pé dizem que
usam este meio por ele ser mais saudável. Outros 19% dizem que este é o único
meio de locomoção disponível. O quarto motivo mais citado, por 16,2%, é que a
distância percorrida é curta, acrescentou a CNI.
Ao mesmo tempo, mais da metade dos 19% dos que realizam a
maior parte de seus deslocamentos diários no automóvel da família (58%) afirma
que o fazem por esse ser o meio mais rápido para seus destinos, 20% por ser o
mais confortável e 19% por ser o mais cômodo.
Gênero e renda
De acordo com a pesquisa, enquanto as mulheres tendem a
adotar como principal meio de locomoção o ônibus (transporte público) ou andar
a pé, os homens são mais propensos que elas a usar como principal meio de
locomoção o carro da família.
"Quanto menor a renda familiar, maior o percentual daqueles
cujo principal meio de locomoção é andar a pé e de ônibus (transporte público).
Já os que possuem maior renda familiar tendem a usar como principal meio de
locomoção o veículo da família", acrescentou a CNI.
Idade e municípios
menores
Ainda de acordo com a entidade, quanto mais jovens os
brasileiros, maior o percentual dos que adotam as motocicletas como principal
meio de locomoção, em contrapartida, o aumento da idade leva a uma maior adoção
do automóvel da família como meio de locomoção mais usado.
"Os brasileiros que moram em municípios menores são os
que mais adotam como principal meio de transporte andar a pé ou de motocicleta,
enquanto nos municípios maiores é maior o percentual daqueles cujo principal
meio de locomoção é o automóvel da família e o ônibus", informou a
entidade, com base na pesquisa.
Transporte público
De acordo com o levantamento, o percentual de brasileiros que avalia o transporte público como ótimo ou bom caiu de 39% em 2011 para 24%, uma redução de 15 pontos percentuais em quatro anos.
"Em 2011, 26% consideravam o transporte público como regular, percentual que cresceu em seis pontos percentuais chegando a 32% em 2014. Já o percentual que avalia o transporte público como ruim ou péssimo passou de 28% em 2011 para 36% em 2014, um acréscimo de oito pontos percentuais", informou a Confederação Nacional da Indústria.
A piora da avaliação do transporte público ocorreu
principalmente no Sudeste: em 2011, 41% da população avaliavam o transporte
público como ótimo ou bom, valor que caiu para apenas 21% da população em 2014,
queda de 20 pontos percentuais.
A região Nordeste, ainda segundo a CNI, também apresentou
piora expressiva na avaliação do transporte público: o percentual que o
avaliava como ótimo ou bom passou de 41% em 2011 para 27% em 2014, queda de 14
pontos percentuais.
As regiões Norte/Centro-oeste e Sul. por sua vez, são
aquelas que apresentam menor piora na avaliação de transporte público: em ambas
regiões o percentual que avalia como ótimo ou bom caiu 8 pontos percentuais
entre 2011 e 2014. Nas regiões Norte/Centro-oeste a avaliação de ótimo ou bom
era de 25% em 2011 e caiu para 17% em 2014. Na região Sul a avaliação passou de
39% em 2011 para 31% em 2014.
Problemas do transporte público e como melhorar
Os brasileiros que utilizam transporte público de vez em
quando, raramente ou nunca atribuem a baixa utilização principalmente a
problemas de capilaridade (dificuldade de acesso em sua região) e frequência
(26%) e à lentidão e atrasos frequentes (24%). "Um em cada dez brasileiros
alega que o preço do transporte público é um limitador, e outros 8% alegam que
o transporte público é desconfortável – é sujo, cheira mal e está sempre
lotado, entre outros", informou a CNI.
Os brasileiros que utilizam transporte público de vez em
quando, raramente ou nunca citam como a principal medida para aumentarem a
utilização a solução dos problemas de capilaridade e frequência (47%). A
segunda medida com maior percentual de citações foi a redução do preço da
passagem (28%), apesar de o preço da passagem ter sido citado por apenas 10%
dos entrevistados como principal motivo para não usar o transporte público com
maior frequência, acrescentou a entidade.
Tempo de locomoção
Ainda segundo a pesquisa, em 2011, 26% dos brasileiros
gastavam mais de uma hora por dia em seu deslocamento para suas atividades
rotineiras, como trabalho e estudo. Entre 2011 e 2014 esse percentual aumentou
5 pontos percentuais, chegando a 31%, acrescentou.
"Quanto maior o município de residência dos
brasileiros, maior o tempo que eles gastam em seus deslocamentos rotineiros
para trabalho ou estudo. Dos brasileiros que moram em municípios com até 20 mil
habitantes, apenas 16% gastam mais de uma hora em seu deslocamento diário
enquanto esse percentual chega a 39% entre os que moram em municípios com mais
de 100 mil habitantes", acrescentou a CNI.
Os brasileiros cujo meio de locomoção mais utilizado é o
ônibus público são os que passam mais tempo no trânsito. Nesse grupo, informou
a entidade, 22% levam mais do que duas horas, 28% levam entre uma e duas horas
e 51% levam até uma hora em seus deslocamentos diários. O segundo grupo com
maior período de deslocamento diário é o dos brasileiros que andam
principalmente de ônibus/van fretados.