20/05/2021 09:45 - O Estado de SP
A discussão sobre um modelo de cidade que permita que as pessoas façam curtos trajetos para ter acesso ao trabalho e a serviços, podendo substituir o tempo no trânsito por momentos de lazer ou com a família, norteou o terceiro dia do Summit Mobilidade Urbana, realizado nesta quarta-feira, de forma digital.
O conceito debatido por especialistas da área no evento, promovido pelo Estadão, foi o de “cidade de 15 minutos”, a partir de exemplos de como a proposta foi implementada em Paris e de ideias de como fazer com que os cidadãos possam percorrer distâncias menores em cidades brasileiras, assim como ter uma cidade pensada para ser amigável com pedestres e ciclistas, com menor circulação de automóveis e mais áreas verdes. O caso francês foi apresentado por Carlos Moreno, professor associado na Universidade de Paris Pantheon Sorbonne.
A revisão do Plano Diretor, iniciada no fim do mês passado, foi o ponto de partida para a discussão de iniciativas para o póspandemia não só em São Paulo, mas em outras cidades do País. “É uma discussão sobre os fluxos, questões como teletrabalho e delivery, reforço da economia local. Não se pode falar de mobilidade só no contexto de transporte. A discussão de mobilidade tem de passar por uso e ocupação do solo, diminuir distâncias, como levar mais trabalho para as áreas periféricas da cidade, ciclovias, calçadas, política habitacional, novas tecnologias e agenda ambiental”, enumera Larissa Campagner, diretora da Secretaria de Urbanismo de São Paulo.
Diretor do Instituto Urbem, Gustavo Partezani Rodrigues afirma que a proposta é mais desafiadora para grandes cidades. “A mobilidade e o tamanho da cidade são diretamente proporcionais. Em cidades médias e pequenas é menos desigual.” Segundo ele, o Plano Diretor de São Paulo é único, mas não é possível pasteurizar soluções. “Temos de olhar as especificidades e relações precisas da cidade, no centro e na periferia.”
“Se a gente analisar o centro expandido de São Paulo, há clara dissociação entre localização do emprego e da moradia, que é extrema. O centro concentra 64% dos empregos e, em habitação, 17% da população. Das 44 milhões de viagens todos os dias, 50% estão relacionadas ao deslocamento casa-trabalho. Trabalhar entre a localização do emprego e da residência vai determinar a dinâmica urbana”, diz Alejandra Maria Devecchi, gerente de Planejamento Urbano da Ramboll Brasil.
A programação completa do evento promovido pelo ‘Estadão’, que tem inscrição gratuita e continua até amanhã, está disponível no endereço eletrônico summitmobilidade.estadao.com.br.