17/05/2013 06:05 - O Estado de SP / Portal Exame
A Fundação Getúlio Vargas revisou um estudo bianual, feito
desde 2002, sobre o preço do congestionamento da cidade de São Paulo e
concluiu: o prejuízo de manter as filas intermináveis de carros parados já
equivale a 1% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
O custo do trânsito soma o gasto com combustíveis para
carros, ônibus e caminhões parados, estimativas sobre os gastos que a saúde
pública tem por causa da poluição e - mais importante - as horas de salário
perdidas pelas pessoas sentadas, amarradas aos cintos de segurança, sem
trabalhar.
Essa conta deu, no ano passado, R$ 40 bilhões, segundo o
vice-presidente da FGV e ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e
Trabalho, Marcos Cintra. Significa dizer que cada cidadão deixou de ganhar ou
gastou cerca de R$ 3,6 mil por estar parado olhando para o carro da frente,
desperdiçando combustível e respirando o ar poluído.
Para calcular o preço das filas de carros parados, a
pesquisa usou funções matemáticas e estimou a frota presa nos congestionamentos
(baseada nos índices de trânsito divulgados pela CET) e os gastos de
combustível desses veículos a uma velocidade média de 15 km/h (dado também
fornecido pela CET). A comparação, para calcular o desperdício, foi feita com a
mesma frota trafegando a uma velocidade média de 50 km/h.
Só a gasolina queimada pelos carros esperando o semáforo
abrir dá um gasto de R$ 3 bilhões, divididos por motorista. É mais ou menos o
que o governo do Estado de São Paulo está gastando para construir o Trecho
Norte do Rodoanel Mário Covas, obra viária que promete aliviar o tráfego.
Cintra, no entanto, duvida da eficácia das grande obras
viárias feitas para resolver o trânsito. "A lógica da cidade é de grandes
artérias de tráfego. O tráfego deveria ser diluído em pequenas obras para
espalhar os veículos pelas outras vias. Mas a solução definitiva é o
investimento em transporte público."
Cargas. Na conta
do prejuízo também entra o chamado custo São Paulo, para a indústria e o
comércio - e consequentemente para toda a economia. O estudo mostra que cada
caminhão que passa pelo Município precisa de R$ 28 a mais para rodar por causa
do trânsito.
Somando todos os caminhões que circulam anualmente na
cidade, o gasto que os caminhoneiros e empresários têm é de R$ 4 bilhões -
valor repassado às mercadorias consumidas na cidade.
Subestimado. Na
primeira vez que a FGV fez esse estudo, em 2002, o prejuízo coletivo foi
estimado em R$ 10 bilhões. Ou seja, em dez anos, a falta de prioridade para o
transporte público fez o custo do trânsito ser multiplicado por quatro.
O custo real, entretanto, pode ser bem maior. Isso porque a conta usa dados do trânsito feitos pela CET, que são questionados por não incluir a cidade toda. E não leva em consideração que o dinheiro que São Paulo deixou de ganhar poderia ter sido investido, o que traria maior retorno.
Motorista desperdiça R$
930 com gasolina no congestionamento
Gastos do paulistano com
combustível e tratamento de doenças ligadas à poluição somam R$ 88 por mês
Com o cálculo da velocidade dos carros na capital paulista e a distância média de cada viagem, a Fundação Getúlio Vargas estima que cada paulistano gastou R$ 2.670 com gasolina. Só que, segundo os especialistas, um terço desse valor (R$930) foi desperdiçado nos congestionamentos.
AFGV fez a conta do custo do trânsito para cada cidadão paulistano.
Somando apenas o desperdício de combustível e o gasto médio com tratamentos
para doenças ligadas à poluição, o congestionamento de automóveis faz cada
cidadão gastar R$ 88 por mês – isso sem contabilizar gastos com saúde
decorrentes da poluição emitida pelos caminhões.
O grosso do prejuízo, no entanto, é de tempo– bem mais do que escasso, que não pode ser recuperado após ser gasto. E é possível colocar preço para o tempo perdido. "O custo da primeira hora de folga pode ser equivalente ao da última hora de trabalho”, explica o economista Marcos Cintra.
Para chegar ao prejuízo coletivo desse desperdício, R$ 30 bilhões, Cintra comparou dados da população economicamente ativa da cidade e o PIB de São Paulo.
UOL
Trânsito lento fez
capital paulista perder R$ 40 bilhões em 2012, diz estudo
Estudo divulgado nesta sexta-feira (17) pela Eaesp-FGV
(Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo)
aponta que a lentidão no trânsito na capital paulista provocou uma perda de R$
40,2 bilhões em 2012, o que representa 7,6% do PIB (Produto Interno Bruto) da
cidade em 2012 (R$ 526 bilhões). A pesquisa foi coordenada pelo vice-presidente
da FGV, Marcos Cintra.
Para chegar ao valor, o estudo levou em conta dois
indicadores: o tempo médio perdido em congestionamentos por pessoa integrante
da PEA (População Economicamente Ativa) da cidade --nomeado "custo
oportunidade"-- e os gastos adicionais gerados pelos congestionamentos com
combustível, poluição e transporte de mercadorias --batizados de "custos
pecuniários".
O custo oportunidade baseou-se no valor médio da hora de
trabalho na capital paulista da PEA, que em 2012 foi de R$ 44,31, segundo dados
do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos).
O valor obtido foi multiplicado pela quantidade média de
horas que os motoristas de São Paulo perdem nos congestionamentos. Para
calcular esse dado, a pesquisa levou em conta a lentidão média, em quilômetros,
nos horários de pico, medida pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), e
dividiu o total pelo tamanho médio dos veículos.
O número de veículos afetados pelos congestionamentos foi
multiplicado por três --considerando que, em média, cada carro transporta três
pessoas. O valor foi multiplicado pelas horas perdidas nos congestionamentos em
253 dias úteis, chegando a R$ 30,2 bilhões.
Já os custos pecuniários foram calculados a partir de gastos
adicionais com combustível, poluição e com o transporte de cargas. As perdas resultantes da poluição foram estimadas com base em dados e
estudos da ANTP (Associação Nacional de Transporte Público) e do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para chegar ao impacto nos gastos com combustível, a
pesquisa considerou a distância média percorrida por dia e as velocidades
médias com e sem trânsito praticadas por carros, caminhões e ônibus. Já para
calcular o gasto com o transporte de carga, o estudo usou como parâmetro dados
da Associação Nacional do Transporte Rodoviário (NTC & Logística).
Considerando os três tipos de perdas (combustível, poluição e transporte de cargas), a pesquisa chegou ao valor de R$ 9,99 bilhões em 2012. A soma deste montante com os R$ 30,2 bilhões desperdiçados pela população economicamente ativa chega a R$ 40,2 bilhões.
Portal EXAME
Trânsito lento faz
São Paulo perder R$ 40 bilhões por ano
Valor apontado em estudo do vice-presidente da FGV corresponde a 1% do
PIB do Brasil
São Paulo – O trânsito na cidade de São Paulo tem um preço
para as contas do país e um estudo de Marcos Cintra, vice-presidente da
Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que o valor é alto.
Só os custos pecuniários do trânsito, ou seja, o dinheiro
que a cidade perdeu de fato com os congestionamentos, somaram quase 10 bilhões
de reais no ano passado. Esse valor é calculado a partir de custos como o valor
de gasolina colocado a mais nos carros por conta do trânsito, ou de diesel
colocado a mais nos ônibus.
Além do valor efetivamente gasto, o estudo também mostrou
que o custo de oportunidade, ou seja, o que a cidade deixou de ganhar por conta
do trânsito, chegou a 30 bilhões de reais em 2012.
Somando as duas categorias (custos pecuniários e custos de
oportunidade), a cidade de São Paulo perdeu cerca de 40 bilhões de reais em
2012 por conta do trânsito. Esse valor corresponde a quase 1% do produto
interno bruto (PIB) do Brasil, que totalizou 4,403 trilhões de reais no ano
passado.
Além disso, o estudo mostrou que o trânsito vem causando um
impacto cada vez maior na economia paulistana. O valor que chegou em 40 bilhões
de reais em 2012 era de pouco mais de 17 bilhões de reais em 2002, data do
primeiro cálculo disponível.
Confira quanto a cidade de São Paulo perdeu com o trânsito desde 2002, segundo o estudo de Marcos Cintra, da FGV (revisado a cada dois anos).
Ano
| Custo pecuniário do trânsito
(dinheiro perdido)
| Custo de oportunidade do trânsito
(dinheiro que a cidade deixou de ganhar)
| Custo total do trânsito para São
Paulo
|
2002
| R$ 6.985.879.139,07
| R$ 10.342.299.788,00
| R$ 17.328.178.926,74
|
2004
| R$ 7.300.650.847,88
| R$ 13.128.172.049,00
| R$ 20.428.822.896,69
|
2006
| R$ 8.377.422.602,14
| R$ 17.193.443.050,00
| R$ 25.530.862.651,66
|
2008
| R$ 10.107.981.983,43
| R$ 24.282.318.282
| R$ 34.490.300.265,60
|
2010
| R$ 8.803.248.575,19
| R$ 27.112.094.149
| R$ 35.915.342.724,13
|
2012
| R$ 9.983.704.463,74
| R$ 30.175.803.397
| R$ 40.159.507.860,97
|