Um guia para o ponto de ônibus perfeito

14/12/2016 07:45 - Gazeta do Povo

Elaborado pela Associação Nacional de Transporte dos Estados Unidos (Nacto, na sigla em inglês), em parceria com um movimento internacional que busca o melhor desenho para as cidades – o Global Designing Cities Initiative –, o Guia de Design Urbano reúne o que já é consenso em termos de design de ruas, cruzamentos e outros elementos de infraestrutura urbana e de trânsito. Ainda no último mês de outubro, a Natco lançou uma versão atualizada do guia, com lições globais sobre o assunto, tiradas a partir da observação de 72 cidades de 42 países diferentes, mas essa publicação ainda não está disponível gratuitamente.

Entre os especialistas em transporte e urbanistas, a ideia geral é de que um passageiro não deve ficar mais do que cinco minutos à espera do ônibus. E embora seja o tempo de espera o fator mais importante em termos de eficiência no transporte público, há várias formas de fazer dessa espera algo mais agradável.

De modo geral, o que o guia da Nacto aconselha é que a área de espera seja dimensionada de acordo com o fluxo e a frequência de passageiros das linhas que passam por ali . Aqui também entram os corredores exclusivos ou canaletas de ônibus, onde o dimensionamento da área de espera é ainda mais importante para manter a eficiência de sistemas como o BRT, com embarque no nível do chão, como funciona em São Paulo, ou elevado, como é em Curitiba. Na capital paranaense, onde as estações-tubo viraram símbolo da identidade da cidade e ainda não foram substituídas por algo novo, é comum ver a fila de passageiros avançar para fora da estrutura nos horários de pico.

Relembre a evolução dos pontos de ônibus de Curitiba

Outro ponto é que nos trechos onde a principal função da calçada seja a de servir de abrigo para passageiros do transporte público não se encoraje mais nenhuma atividade ou serviço que também precise de espaço na calçada. Exemplo: não é recomendável colocar um ponto de ônibus colado a uma saída de uma estação de metrô ou de um shopping.

Outra dica, e essa vale principalmente para os pontos localizados longe dos terminais e praças, é sinalizar os pontos de ônibus com cores fortes. Isso, segundo o guia, ajuda a inibir que condutores de carros e outros veículos estacionem na frente da estrutura, atrapalhando o funcionamento do transporte público.

Veja outras dicas:
O ponto de ônibus ideal

O Guia de Design Urbano, publicação elaborada pela Associação Nacional de Transporte dos Estados Unidos (Natco, na sigla em inglês) e pelo Global Designing Cities Initiative, movimento em prol do melhor desenho para as cidades, traz dicas de como construir o ponto de ônibus ideal. Confira:

1

ÁREA PROPORCIONAL

De modo geral, o que o guia aconselha é que a área de espera seja dimensionada de acordo com o fluxo e a frequência de passageiros das linhas que passam por ali.

Em calçadas onde esse espaço de espera não é suficiente, o guia recomenda a implementação de ilhas – trechos de passeio que avançam um pouco sobre a rua – ou a demarcação, com tinta apenas ou mesmo elementos como floreiras etc, de áreas dedicadas a esse propósito.

2

LOCAL SEGURO

O ponto de ônibus também deve ficar num local com acesso seguro pela calçada, sem obstáculos, e próximo da faixa de pedestres.

Faixa atrás do ônibus

De preferência, a faixa de pedestre mais próxima deve ficar atrás do ônibus quando ele parar, para que a travessia da via seja feita de maneira mais segura. Se a faixa estiver logo na frente do ponto de ônibus, os passageiros tendem a entrar na frente do veículo para atravessar a rua, tendo menos visibilidade sobre os demais veículos que passam no mesmo local.

Cobertura

Em relação à cobertura, ela é necessária para proteger os usuários das adversidades do clima, principalmente em cidades muito quentes ou estações (de chuva, neve etc) muito intensas. Em Dubai, nos Emirados Árabes, por exemplo, onde a temperatura passa facilmente dos 40°C e não raro há tempestades de areia, os pontos de ônibus são cabines fechadas e com ar-condicionado.

3

BEM SINALIZADO

Recomenda-se que cada ponto de parada esteja bem sinalizado, com o nome da linha ou linhas que passam param ali e com informações sobre o trajeto bem visíveis para o usuário.

Isso é ainda mais importante em ruas ou praças que funcionam como terminais ao ar livre e concentram a passagem de várias linhas de transporte.

4

FAIXAS EXCLUSIVAS

A demarcação de faixas exclusivas ajuda na eficiência do transporte, já que o ônibus não precisa sair do fluxo para o embarque ou desembarque de passageiros.

Se essa movimentação ocorrer no mesmo nível, com ônibus mais baixos ao nível do chão, ou ainda em nível elevado – como é o caso das plataformas de BRT em Curitiba –, melhor.

As faixas exclusivas também permitem adequar melhor o espaço de espera do ponto de ônibus ao fluxo de passageiros, já que dá margem para que, nas ruas onde há uma faixa para estacionamento, um trecho de calçada avance sobre a rua logo em frente ao ponto, dando mais espaço aos usuários.

Fonte: Guia de Design Urbano