21/11/2014 08:34 - Época Online
Em junho passado, conversando no Facebook com Alberto, que
regularmente curte as fotos que posto na minha página, ele sugeriu que eu
fizesse uma exposição de fotografias no Metrô de São Paulo. Um pouco avesso às
burocracias dos processos de seleção e mais ainda a buscar patrocinadores para
uma mostra, deixei de lado a ideia.
Mas sempre quando entrava no chuveiro ou caminhava pela
Lagoa momentos perfeitos para divagação a exposição voltava a se embrenhar na
minha mente. Depois do livro "Luzes da África”, por que não mostrar as fotos,
por exemplo, das "Luzes da Etiópia”? Ou melhor ainda, por que não escolher
alguns países exóticos, com suas fotos mais espetaculares, para inspirar o
usuário do Metrô a fazer uma grande viagem pelo planeta?
Foi assim que nasceu Viajologia, a arte de viajar, uma
mostra de 35 imagens de 17 países de quatro continentes. Apesar de ter
fotografado bastante a Europa, esta ficou de fora e escolhi sete países
africanos, seis asiáticos, três sul-americanos e um da Oceania. De Madagascar à
Mongólia e do Chile ao Camboja, as fotos pretendem inspirar o público a dar uma
volta ao mundo e conhecer algumas das maravilhas do planeta, como as pirâmides
no deserto do Sudão, as festas tradicionais em Papua-Nova Guiné, os rituais
religiosos da Etiópia ou a vida selvagem da Namíbia.
A imagem para o cartaz
de abertura precisava possuir um elemento de viagem mais explícito. Por isso,
escolhi a foto de um balão deslizando ao amanhecer na planície de Bagan. A
imagem também aponta o contraste entre o moderno e o antigo; a cor flamejante
alaranjada e o negro com seus marrons escuros; e as formas arredondadas e
pontiagudas (Foto: © Haroldo Castro/Época
)
A mostra reúne algumas das minhas imagens preferidas, muitas
já destacadas em crônicas e reportagens publicadas nos últimos anos. São fotos
de templos antigos que me fizeram sonhar, de festas coloridas que provocaram
surpresas, de pessoas emblemáticas que cliquei pelos caminhos e de uma vida
selvagem que marcou meus passos por tantas terras. Como constante, procurei
sempre sublinhar o belo, o digno e o inusitado de lugares especiais do planeta.
O processo de edição das imagens foi tão doloroso como
rigoroso. Selecionar apenas duas imagens por país a Etiópia é o único com três
significou cortar dezenas de fotos que tinham muita vontade de serem expostas.
Alguns países africanos extremamente fotogênicos e sobre os quais tenho vasto
material como Marrocos e Líbia acabaram ficando na lista de espera... e não
entraram. O espaço era limitado: apenas 10 painéis, frente e verso.
Apesar de possuir
belas fotos do Marrocos como esse momento no curtume de Fez o país acabou não entrando na seleção para a
exposição. (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)
Ao rever a escolha realizada notei que meu ecletismo
espiritual continua marcante: coloquei lado a lado imagens de um ritual sufi
muçulmano no Sudão, de uma vigília cristã ortodoxa, de diversos monges e
templos budistas e até mesmo de um sacerdote quéchua peruano fazendo uma oração
ao Sol em Machu Picchu.
Também constatei que o século XII foi uma época de apogeu em
alguns dos países que visitei. Nesse mesmo período, foram construídas as
igrejas monolíticas de Lalibela na Etiópia, o santuário hinduísta Angkor Wat no
Camboja e milhares de pagodas budistas na planície de Bagan em Mianmar.
A exposição dos painéis estará dentro da estação Sé, entre
as linhas 1 e 3 do metrô paulistano, até 30 de novembro. Em dezembro a mostra
vai para a estação Clínicas e em janeiro para a estação Luz.
O amigo Alberto Galvão
Branco, que sugeriu a ideia da exposição, veio na abertura, assim como a comunicadora
ambiental Paula Piccin. Na foto, painéis do Quênia e do Tibete (Foto: © Haroldo
Castro/ÉPOCA)
Apesar de milhares de pessoas passarem pelo metrô
diariamente, considero que uma exposição virtual, com informações dos
bastidores, pode completar a mostra presencial. Assim, como Viajologia, a arte
de viajar passeia por 17 países, faremos uma visita a cada um destes países e,
em posts futuros, incluirei, além das duas imagens oficiais, algumas histórias
adicionais e fotos que ameaçaram ser escaladas mas que, no último momento,
perderam a vez.
Na semana que vem, começamos com Madagascar, a ilha da biodiversidade!
Haroldo Castro