05/12/2015 14:00 - Reeta Putkonen
Este texto é parte do Caderno
Técnico nº 16 (download
aqui), resultado do Seminário Internacional Cidades a Pé, em que Pere
Navarro foi um dos palestrantes
Veja
aqui os slides da palestra de Reeta no Seminário Cidades a Pé
A visão para Helsinque é a de uma comunidade para todos, uma
capital com bons serviços, processos decisórios abertos e áreas de
criatividade, artes e ciências progressistas. Os valores da cidade se baseiam
na orientação dos moradores, enfoque ecológico, justiça e igualdade, economia,
segurança, envolvimento e participação, incentivo ao empreendedorismo. O
programa estratégico de Helsinque para 2013-2016 também alinha o conceito de
que a cidade seja cheia de vida, o bem-estar de seus residentes seja altamente
valorizado e a cidade seja funcional. Todos estes fatores também são medidos e
valorizados econômica e financeiramente. (Fonte)
O objetivo da Helsinque Funcional significa que municípios e
bairros se desenvolvam como áreas atraentes e movimentadas e a finalização da
infraestrutura da cidade melhore acessos e fluxo. Para atingir as metas, a
cidade e especialmente seus centros localizados em volta das estações de trem,
necessitam ser caminháveis. Lugares agradáveis para se andar geram negócios,
conforto residencial e conscientização social. Isso não significa que outros
modelos sejam inválidos, mas deveriam ser planejados e localizados com ênfase
no caminhar dentro dos esquemas de trânsito.
A coordenação dos diferentes setores da política de
transporte foi necessária para melhorar o programa estratégico de Helsinque e,
para isso, a política de mobilidade urbana foi aceita pelo conselho municipal
em janeiro de 2015. Apesar de não haver um meio único de planejar um sistema de
transporte, cidades bem-sucedidas podem ter sistemas de transporte bastante diferentes.
A política de mobilidade urbana alinha o que precisa ser considerado, quando se
planeja o trânsito em Helsinque, de redes urbanas aos detalhes viários.
Os pontos iniciais para criar a política, foram os fatores de crescimento da cidade, que geram demanda sobre o sistema de transporte e, ao mesmo tempo, as estratégias em níveis municipais que propõem metas desafiadoras para densificação, divisões modulares e efeitos sobre o meio ambiente. Também a conscientização de restrições financeiras e de espaço aumentaram, e a vitalidade da cidade precisa ser mantida e aumentada.
Os objetivos da política foram estabelecidos em três
categorias:
1. Diário confortável
2. Vitalidade
3. Eficiência de recursos
Diário confortável- significa que os trajetos diários regulares para habitantes e trabalhadores
sejam garantidos, ao mesmo tempo em que os efeitos negativos do tráfico de
veículos seja diminuído. As metas para esta categoria são:
· Acessibilidade
por meios sustentáveis - será aprimorada para ser competitiva com o uso do
carro para trajetos do dia-a-dia.
· Tempo dos
trajetos - precisa ser previsível para todos os modos de transporte.
· Escolhas
de planejamento - necessitam diminuir o dano causado pelo sistema de
transporte aos habitantes.
Vitalidade - significa
que a eficiência de transportes de carga e a mobilidade dos trabalhadores e
clientes, para sustentar as atividades comerciais, sejam aumentadas. Os espaços
públicos são renovados para melhorar a atração e competitividade da cidade. Os
objetivos para esta categoria são:
· Assegurarque trabalhadores, empregos, clientes e comércio possam conectar-se entre eles.
· Ruas e
espaços públicos agradáveis são base para o comércio urbano.
· Aumentar
a eficiência do transporte de carga e diminuir os custos de entrega em
cooperação com o comércio.
Eficiência de
recursos - significa que o crescimento da cidade e as mudanças climáticas
precisam ser integrados através do uso mais eficiente de espaço e outros
recursos. Os objetivos desta categoria são:
· O
planejamento do sistema de transporte será guiado pelo uso eficiente de
recursos e necessidades funcionais da cidade.
· Canalizaraumento de trânsito para metas sustentáveis.
Os princípios operacionais foram escolhidos com base nos
lugares onde as falhas entre os objetivos e a situação atual se encontram
maiores, e onde a eficiência poderia ser maior. O principio geral de
priorização dos modos de transportes baseia-se na seguinte ordem de importância:
pedestre, bicicleta, transporte publico, transporte de carga e automóveis.
Os princípios
operacionais de mobilidade urbana são:
Sistema de transporte
1. Aumentar a eficiência com orientação ativa e informação
em tempo real. Apoiar a mobilidade como um serviço.
2. Assegurar boa acessibilidade para terminais de carga com
boas conexões entre eles.
3. Desenvolver a precificação de trânsito para incrementar o
equilíbrio entre procura e oferta.
4. Diminuir limites de velocidade, favorecer fluxo e
segurança de trânsito, diminuir acidentes e barulho.
Centros urbanos
1. Os Centros urbanos serão projetados para uma escala
humana. O âmbito público será planejado como um todo e a continuidade,
atratividade, acessibilidade para todos e segurança nas rotas para se caminhar devem
ser garantidos.
2. Melhores práticas em infraestrutura de rua para ciclistas
serão estabelecidas nos centros urbanos.
3. Quantidade, velocidade e estacionamento para carros serão
controlados com base no ambiente do lugar, para valorizar o apelo dos centros
urbanos.
4. Refinar a eficiência da logística urbana em cooperação
com empresas e comércio, incluindo a implementação e solução do gerenciamento
de entregas, garantindo áreas adequadas de carga e regulamentado horários de
trabalho e equipamento.
Vias expressas entre
centros
1. Vias expressas de transporte público em número maior e
com boa circulação serão desenvolvidas para oferecer uma rede facilmente
expansível. Estas linhas serão isoladas de congestionamentos e conexões serão
planejadas como um todo.
2. Pontos-chave de transferência no transporte público serão
designados com foco nas necessidades dos usuários e sua acessibilidade local,
em todos os modos de locomoção, sendo também aprimorados.
3. A malha de rotas para ciclovias de longa distância será
implementada.
4. A rede de transportes será expandida para apoiar a
densificação da cidade.
Práticas de
planejamento
1. A avaliação de projetos será otimizada, levando em
consideração os efeitos do uso dos espaços e as necessidades funcionais da
cidade;
2. Criar e manter um plano de ação de longo prazo
financeiramente realista;
3. Planos e decisões que se referem ao sistema de transporte
serão baseados em objetivos estratégicos e avaliação de limites financeiros;
4. Encorajar a cooperação entre autoridades regionais e
locais para aumentar as chances de alcance de alvos comuns.
Cidades caminháveis precisam da cooperação de diferentes
autoridades, elas não são alcançadas apenas pelos esforços dos engenheiros de tráfego.
A estrutura urbana é fator muito importante na criação de uma cidade para
pedestres e a proximidade oferece possibilidades para contato físico entre
eles. Apesar de novas técnicas fornecerem novas possibilidades de contato
também de maneira virtual, ambas são necessárias quando se quer o máximo de benefícios.
A funcionalidade da cidade não deveria ser medida apenas pela capacidade de
veículos, ou pelo tempo do trajeto no sistema de transporte, mas também pela
capacidade de vida urbana. Quanto a cidade é capaz de adicionar em termos de
nova estrutura urbana? Do tipo que gera negócios e valores monetários, bem como
qualidade de vida e conscientização social? Em áreas centrais densas, isto
significa que andar é a maneira mais adequada de alcançar os benefícios das
conexões.
Estes critérios diferentes de capacidades urbanas são
analisados quando se prepara o novo planejamento municipal de Helsinque. O
plano da cidade é de longo prazo na utilização dos espaços e é usado como guia
para o desenvolvimento da estrutura comunitária da cidade. Ele afeta o que
Helsinque será nas próximas décadas. Uma das razões pelas quais um novo
planejamento urbano é necessário, é que Helsinque precisa ser capaz de oferecer
moradia a preço razoável para sua população que está em crescimento. O ponto
inicial do plano está baseado em metas que apontam para 860.000 habitantes em
Helsinque, em 2050 – o número atual é de 620.000. O plano propõe que Helsinque
cresça como cidade densa, com vários centros conectados por tráfego
ferroviário. A cidade central se expandiria junto com áreas do tipo vias de
grande circulação, transformadas em avenidas-boulevares. Helsinque ainda seria
uma cidade verde, cujo ponto forte inclui florestas urbanas e ambientes
culturais (Fonte).
A expansão do centro da cidade é parcialmente justificada pelo aumento da capacidade urbana e pelas oportunidades de negócios em Helsinque. A cidade caminhável também será aumentada também, e com o centro maior os desafios para um cenário que convida a caminhar serão realçados. Uma rede rica em pontos interessantes ajuda no atendimento de um ambiente adequado. É sabido que um pedestre precisa de um ponto novo e interessante a cada 100 metros como orientação, para que a jornada seja prazerosa. Também as conexões ferroviárias e a qualidade das áreas das estações são importantes, e ambos os aspectos são considerados no planejamento urbano de Helsinque.
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Não são todas as ruas que devem ser enfatizadas com foco nos pedestres. Os seguintes critérios são usados em Helsinque quando se decide orientar a rua para pedestres:
·
O status da rua e área na estrutura urbana.
·
Serviços localizados na área da rua.
·
O papel da rua na rede de trânsito, considerando
os quatro modos de circulação.
·
Diferença entre o ambiente atual e o desejado.
A alta qualidade da rede para pedestres no centro de Helsinque é contínua, segura sob um ponto de vista de trânsito, social e atraente. Ela fornece uma alternativa realista se comparada a outros modos de circulação no centro, o que aumenta o fator democrático da cidade. Isto torna real a visão de que Helsinque é uma comunidade para todos.
Reetta Putkonen - Diretora
de Planejamento de Transporte da cidade de Helsinque – Finlândia