12/11/2013 09:13 - Valor Econômico
O empresário americano Marshall Cogan - que consolidou
empresas do varejo automotivo nos Estados Unidos e na China entre as décadas de
1990 e 2000 - já tem pronta a estrutura financeira e deu início às primeiras
negociações de um plano ambicioso que prevê investimentos de até R$ 1 bilhão na
aquisição de concessionárias de veículos no Brasil.
No momento, ele está em negociação avançada com três grupos
de revendas, que, juntos, somam 50 lojas e receita líquida anual de R$ 1,5
bilhão. Só na aquisição dessas empresas, tidas como a plataforma inicial do
projeto de Cogan para o país, estão previstos investimentos de aproximadamente
US$ 250 milhões, ou quase R$ 580 milhões.
Os três grupos selecionados ainda passam por processo de
auditoria - o chamado "due diligence" - e o valor das aquisições
ainda não foi fechado entre as partes. Por isso, os nomes dos envolvidos são
mantidos em sigilo. Mas, se tudo der certo, a primeira aquisição será acertada
até o mês que vem para que a Auto Grupo Brasil (AGB), a empresa de Cogan no
Brasil, esteja "operacional" na virada do ano.
As negociações incluem, em sua maioria, concessionárias de
carros de luxo, assim como uma participação na empresa que representa a marca
inglesa Bentley no mercado brasileiro. Só o maior grupo negociado por Cogan
administra 35 revendas de marcas como BMW, Mini Cooper, Land Rover e Volvo,
além de duas lojas da grife de motocicletas Harley-Davidson. Outra revendedora
tem seis concessionárias das marcas Audi, Volkswagen e Bentley. Já o terceiro
grupo é dono de quatro revendas de carros da Honda e vai abrir outras três
lojas da marca nos próximos dois anos.
Esse é o primeiro, mas não o único passo previsto por Cogan
com a AGB. Seu plano prevê criar um grupo de 180 lojas e faturamento de R$ 6
bilhões nos próximos cinco anos. Quando alcançar esse tamanho, a ideia é abrir
o capital da companhia em uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em
inglês) no Brasil e nos Estados Unidos.
O empresário não está vindo sozinho. Um grande fundo de
investimento asiático já manifestou interesse em participar da empreitada e,
paralelamente, um fundo de private equity já está pronto para abrigar, no
máximo, mais 20 investidores no Brasil. Fernando Hormain, sócio da Camargue
Capital, que montou a estrutura financeira para Cogan, diz que o fundo de
private equity tem como objetivo captar entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões.
São recursos que se somam aos aportes de Cogan, estimados em R$ 150 milhões, e
do fundo asiático - de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões - no negócio, adianta
Hormain. "No total, a AGB terá três veículos de investimento: o fundo de
private equity, o fundo asiático e o próprio Marshall Cogan", informa.
Como parte da agenda para atrair investidores institucionais
ao plano de negócio, Cogan vem a São Paulo para participar, no dia 9 de
dezembro, da principal conferência sobre private equity na América Latina, o
Private Equity Brazil Forum. Depois disso, pretende se mudar definitivamente
para o Brasil junto com seu time de executivos.
O investidor tem longa experiência em consolidar empresas do
varejo automotivo. No início da década de 1990, comprou uma série
concessionárias americanas de controle familiar com a United Automotive Group.
Depois de abrir o capital da empresa na bolsa de valores de Nova York, aumentar
seu valor de mercado de US$ 88 milhões para mais de US$ 730 milhões, Cogan
vendeu a United Automotive para a Penske em 1999, dando origem a um dos maiores
grupos de revenda de carros do mundo. Com dinheiro em mão, o investidor se
associou ao Citigroup na compra de concessionárias da BMW na China em 2005,
negócio que depois foi vendido por US$ 100 milhões.
Agora com 76 anos, Cogan quer replicar no Brasil o modelo de negócio implantado antes em sua terra-natal e na China. O empresário estuda o mercado automotivo brasileiro há mais de dois anos e sabe que muitas revendas de veículos importados estão pressionadas pelas políticas restritivas do governo que limitaram as importações de carros. Assim como já fez antes, a ideia de Cogan é levantar essas empresas com uma estratégia baseada no desenvolvimento de negócios rentáveis - como serviços automotivos, vendas de autopeças e produtos financeiros - para depois revender as operações ao mercado. O investidor avalia ser possível triplicar, para mais de 15%, a margem de geração de caixa das revendas que estão em seu alvo de aquisição no Brasil.