09/08/2015 08:25 - Hoje em Dia - MG
Na palma da mão, uma completa rede de serviços capaz de
informar pelo smartphone pontos de coleta do lixo reciclável, onde estacionar o
carro e até opções de trabalho voluntário. No transporte público, bilhete
único, de preço acessível, para usufruir de todos os meios de locomoção. Nas
praças e demais áreas verdes, aparelhos para medir a poluição em tempo real,
interagindo com o cidadão.
Belo Horizonte se espelha em soluções britânicas
sustentáveis, práticas e de baixo custo para estimular a participação social e
corrigir os problemas do dia a dia enfrentados na metrópole. Ações adotadas em
cidades do Reino Unido com o auxílio de ferramentas digitais têm sido
apresentadas aos mineiros por arquitetos, urbanistas e pesquisadores, dentre
outros profissionais de Londres e municípios vizinhos.
A importação de conhecimento, chamada de Missão Cidades
Sustentáveis Brasil/Reino Unido, teve seu primeiro encontro em BH na semana
passada. Durante dois dias, integrantes da Future Cities Catapult – uma espécie
de ONG internacional – participaram de workshop, andaram de Move e fizeram
visitas guiadas a pontos como o hipercentro. O contato serviu para conhecer a
capital e ver de perto as dificuldades locais.
Mobilidade
Demanda antiga e sem solução a curto prazo, a mobilidade
urbana salta aos olhos de Sofia Taborda, gerente de projetos da Future Cities.
Cautelosa, ela evita falar em alternativas nesse momento. "Esse é um problema
em várias cidades brasileiras. Estamos procurando outras possibilidades. Ainda
estamos identificando os desafios, vendo dados e mapas. Vamos ver se podemos
fazer pontes entre as organizações no Reino Unido e Brasil”, diz.
De acordo com Sofia, o foco é melhorar a qualidade de vida
das pessoas e proporcionar um ambiente de convivência mais harmônica. Muitas
vezes, é preciso lançar mão da tecnologia para alcançar o objetivo.
"Qualquer iniciativa já implantada precisa ser analisada com
cuidado para verificarmos se é possível adaptar a ideia por aqui”, afirma.
Sofia acrescenta a necessidade de respeitar as particularidades de cada
município.
Move, Plano Diretor e
métodos usados pela Defesa Civil apresentados à ONG internacional
A implantação do Move, a operação urbana prevista no futuro
Plano Diretor e os mecanismos de enfrentamento de riscos usados pela Defesa
Civil Municipal foram os projetos belo-horizontinos apresentados aos
profissionais da Catapult. Um criterioso relatório com análises e sugestões de
melhorias será apresentado em setembro pelos técnicos da instituição inglesa.
A secretária municipal adjunta de Relações Internacionais,
Stephania Aleixo, destaca a importância da troca de experiências. "Além dos
nossos projetos, conhecemos algumas iniciativas de sucesso adotadas por lá.
Todas são interessantes, mas envolvem uma série de tecnologias. Temos que
avaliar a necessidade, o custo e as possibilidades de adaptações”.
Integrante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB),
Sergio Myssior engrossa o coro de que a troca de experiência é "muito
bem-vinda”, mas faz ressalvas. Para ele, o cidadão precisa ser inserido no
processo.
"A cidade é o palco desta transformação, mas o morador
guiará a engrenagem. O sucesso de qualquer mudança urbana depende do
envolvimento das pessoas. Elas têm que pensar, agir e fiscalizar”, diz.
Protótipo que mapeia
ambiente dá autonomia e oferece atrativos aos deficientes visuais
A cena é corriqueira: eles seguram com firmeza as bengalas,
pisam sutilmente para não cair em armadilhas e estão sempre atentos ao ronco
dos motores dos carros. Andar pelos passeios esburacados e atravessar a rua não
são tarefas simples para os deficientes visuais da capital mineira. É preciso
cuidado, atenção e, muitas vezes, a ajuda de quem enxerga.
Um protótipo desenvolvido pelos pesquisadores da Future
Cities Catapult promete autonomia e oferece atrativos aos cegos. Um aparelho
sonoro em 3D fica próximo ao ouvido e mapeia o ambiente. Informações em tempo
real, com a ajuda da internet, são repassadas. Um GPS mostra o local exato e dá
detalhes, por exemplo, sobre paradas e linhas do transporte público, ou dados
de um destino turístico.
Para a vice-diretora do Instituto São Rafael, Silvania
Morais, Belo Horizonte carece de tecnologias que facilitem a mobilidade de quem
perdeu a visão. Ela cita um projeto em parceria com a BHTrans para informar o
itinerário dos ônibus, que ainda não tem previsão de ser implantado.
Porém, antes de qualquer benefício digital, Silvania é
categórica ao dizer que outras mazelas precisam ser resolvidas. "Se para quem
enxerga caminhar pelas calçadas já é ruim, imagine para o cego? É um risco. As
calçadas precisam de reparos, urgentemente”, diz a vice-diretora do instituto,
que é referência na cidade e atende cerca de 400 pessoas.
Multa de até R$ 940
A responsabilidade pela conservação e manutenção dos
passeios é do proprietário, reforça a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos.
Denúncias de irregularidades podem ser feitas pelo telefone 156, no BH Resolve
(avenida Santos Dumont, 363, Centro) ou no portaldeservicos.pbh.gov.br.
Infratores estão sujeitos a multas de R$ 537 a R$ 940. Em
média, 60 ações diárias de fiscalização são feitas pela administração pública.