SÃO PAULO - Um estudo divulgado na manhã desta quinta-feira,
9, pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) propõe aumentar o rodízio
municipal de veículos para mais 400 vias - ou 371 quilômetros lineares - de São
Paulo, incluindo áreas periféricas. A restrição passaria a valer em grandes
avenidas como Brás Leme, Radial Leste, Aricanduva, Professor Francisco Morato e
Inajar de Souza. São eixos que estão fora dos 150 km² do centro expandido, área
onde o rodízio vigora desde 1997. O secretário municipal dos Transportes,
Jilmar Tatto, afirmou que a medida pode começar a vigorar "em março ou
abril".
A proposta, no entanto, ainda será levada no próximo dia 15
ao Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), "para ser discutida
com a sociedade e especialistas", segundo a CET, que poderão fazer
recomendações ao projeto. O conselho é presidido pelo próprio Tatto.
Originalmente, em um estudo apresentado em maio do ano
passado, a CET planejava ampliar o rodízio para mais 240 km lineares de vias,
em vez de 371 km. A diferença em relação ao novo patamar se explica pela
inclusão de toda a extensão das novas vias - e não apenas uma parte, como havia
sido previsto anteriormente no projeto, refeito a pedido do prefeito Fernando
Haddad (PT).
Desta forma, grandes eixos que rumam até pontos mais
periféricos da cidade, como a Radial Leste, serão contemplados em sua
totalidade. A restrição abrangerá principalmente as chamadas vias arteriais, que,
"no geral, possibilitam macro deslocamentos ao fazerem ligações entre
bairros", conforme a Secretaria Municipal dos Transportes. Dos 371 km
propostos, 98% devem ser implantados nela. Os demais 2% estarão em vias com
outras classificações.
"O prazo de implantação é longo, não podemos implantar
de uma hora para outra. Vamos ter que definir uma data para o motorista já
ficar sabendo o dia em que começa e os locais", disse Tatto. "Por
exemplo, se começa o rodízio dia 2 de abril (a data é hipotética, afirmou o
dirigente), o motorista já pode se comportar desta maneira, mesmo não tendo a
fiscalização, porque você não precisa partir do princípio de que tem que ter
fiscalização para ele deixar o carro em casa."
Para que a ampliação do rodízio de veículos possa começar a
valer, o prefeito precisa publicar um decreto no Diário Oficial da Cidade.
A mudança de comportamento esperada com a ampliação do
rodízio, conforme Tatto, é que os motoristas só usem o carro "em extrema
necessidade". O objetivo é que mais pessoas utilizem o transporte público
para se locomover por São Paulo e também que, se possível, evitem sair nos
horários de pico.
Fiscalização. O
secretário disse que não há prazo para o início da fiscalização, mas declarou
que "tudo indica que no primeiro semestre" comece a ser realizada a
aplicação de multas nas novas vias com a restrição. Um processo licitatório
para a instalação de mais de 800 novos radares já está em andamento. São esses
os equipamentos que farão a fiscalização nos pontos mais periféricos da cidade,
onde a presença de aparelhos atualmente é escassa.
De acordo com Tadeu Leite Duarte, diretor de Planejamento da
CET, os veículos que só precisam cruzar as avenidas que receberão o rodízio não
serão multados. "O motorista pode fazer um pequeno percurso por um trecho
da via com rodízio, sem atrapalhar. Se ele passou por um equipamento (radar)
que mostrou que ele entrou ali, mas não passou pelo radar seguinte, tudo bem,
ele só cruzou a avenida."
Além dos radares, a CET precisará instalar placas e alterar
a sinalização do solo das vias para indicar para os motoristas onde começa e
onde termina o rodízio nas 400 vias que devem passar a contar com a restrição.
Para isso, foi criado inclusive um símbolo, representado pela letra R,
indicando no asfalto os pontos exatos de começo e fim da restrição nas vias.
Segundo Vicente Petrocelli, gerente de Planejamento, Logística e Estudos de Tráfego da CET, o símbolo foi inspirado na letra C do programa "congestion charge" (pedágio urbano) existente em Londres, na Inglaterra.