De moderna a atrasada

10/05/2013 07:00 - Correio Braziliense

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A bicicleta como meio de transporte nas grandes cidades é um fenômeno sem volta. Enquanto em Brasília, a Polícia Militar declara, em entrevista à rádio CBN, que vai parar ciclistas para pedir a nota fiscal da bike, como forma de diminuir os furtos, as mais desenvolvidas metrópoles do mundo estão utilizando o sistema de uso compartilhado das magrelas. O caderno El Viajero, do jornal El Pais, elencou as dez cidades nas quais a utilização democrática das bicicletas serve de exemplo para o mundo e, quem sabe, para Brasília, a cidade que nasceu sintonizada com seu tempo, mas que se perdeu no atraso.

Paris é a cidade com o melhor sistema de uso coletivo de bike. Mais de 20 mil unidades esperam os potenciais usuários em 1.450 estações. A bem-sucedida inovação teve seus problemas — muitas das bicicletas eram furtadas e algumas delas localizadas no norte da África. Mas o projeto é muito maior do que as eventuais atropelos do caminho. A segunda cidade que desenvolveu o melhor sistema de uso compartido de bikes é a chinesa Huangzhou. São 60 mil unidades em 2,5 mil estações. Cerca de 250 mil pessoas se beneficiam do mais democrático dos meios de transporte.

Primeira cidade a instalar o sistema, Copenhague conseguiu o que parecia improvável: 37% dos deslocamentos diários já são feitos com bicicleta. É o único, entre os dez citados, em que o uso é gratuito. A moeda de 20 coroas dinamarquesas que deve ser introduzida na máquina para liberação da bike é depois reembolsada. Em Londres, são 25 mil unidades. Em Montreal, o sistema não funciona entre novembro e abril, por causa das baixíssimas temperaturas.

Em Tel-Aviv, algumas das bicicletas tem banquinho para crianças. São mais de 70 km de ciclovias. Washington instalou seu sistema de bikes compartilhadas em 2010 e deu-lhe o nome de Capital Bikeshare. Em Melbourne, Austrália, o sistema obriga o usuário a levar seu próprio capacete. Como houve certa resistência por parte da população, as autoridades passaram a oferecer capacetes mais baratos em máquinas estrategicamente situadas.

Na cidade que tem um dos trânsitos mais conturbados do mundo, a Cidade do México, o sistema ainda é bastante modesto. São apenas mil unidades, pelas quais há uma lista de espera. Desde 2007, a espanhola Sevilha oferece bicicletas compartilhadas à população.

Todas as cidades citadas têm, além das bikes de uso coletivo, sistemas de transporte público de qualidade. Tanto a população quanto os governantes destas metrópoles já entenderam, há muito tempo, que não há outra saída para a viabilidade da vida urbana que não passe pelo abandono do carro como meio de locomoção diária.

Diante de todos esses exemplos, fica-se com a sensação de que os brasilienses estão habitando uma cidade fracassada e atrasada. Somos o futuro envelhecido.