Pere Navarro participa de seminário da ANTP

28/10/2015 07:00 - ANTP

"Compartilhar ruas, respeitar o mobiliário urbano, cumprir normas de convivência são elementos-chave do que se conhece hoje como pedagogia social”, avalia o engenheiro industrial e ex-diretor-geral de trânsito na Espanha (2004-2012) Pere Navarro Olivella, no texto "Por Mobilidade Urbana Sustentável e Segura”. O especialista é um dos palestrantes do evento "Cidades a Pé”, que acontece em São Paulo entre 25 e 28 de novembro.

Organizado pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), o seminário internacional conta com a participação de expositores brasileiros e estrangeiros. Olivella participará do painel "Desenho Urbano e Políticas Públicas para a Mobilidade a Pé” (9h30 às 11h30), do dia 27 de novembro.

Olivella ressalta que o automóvel teve e continuará tendo um papel importante nos deslocamentos, mas a massificação do veículo exige, pelo menos, a reflexão sobre o chamado "uso racional do carro”. Em 2001, o especialista visitou Brasília e se espantou com a (falta de) mobilidade da capital federal. "No século passado, o carro era o protagonista; portanto, as cidades eram desenhadas para ele. Hoje, o protagonista é o pedestre, o cidadão. O projeto de Brasília não é moderno nesse sentido”, disse, à época, ao Correio Braziliense.

Nesse contexto, Olivella defende que é essencial priorizar a segurança sobre o fluxo, proteger os mais vulneráveis – pedestres e ciclistas –, "acalmando o trânsito com criações de ‘zonas 30’ em ruas de origem e destino e não nas de passagem”.  Além disso, ele defende que é importante respeitar os semáforos e a prioridade nos cruzamentos e faixas de pedestres.

A falta de segurança, contudo, ainda gera muitos acidentes e despesas altas. Os gastos com mortos e feridos decorrentes de acidentes de trânsito no Brasil subiram quase três vezes em 12 anos, conforme dados divulgados no início deste ano. Enquanto, em 2001, foram utilizados R$ 5,4 bilhões com vítimas, em 2012, esse valor saltou para R$ 16,1 bilhões.

Na Espanha, Olivella liderou medidas que levaram à diminuição de 57% das mortes nas estradas. Naquela época, o especialista atribuiu o sucesso ao consenso entre partidos políticos e às medidas adotadas. "Uma das estratégias de comunicação é ridicularizar os infratores reincidentes, mostrar como seu comportamento é estúpido. Em anúncios e mensagens de campanhas, fazemos isso com a imagem de quem bebe e dirige”, disse em entrevista ao repórter Alencar Izidoro, da Folha de SP. Ele também é favorável à adoção de campanhas agressivas, com imagens e imperativos fortes, como "Você vai se matar; use cinto por favor”. E sobre a polêmica? "É impossível contentar a todos”, defende.

Ponto de consentimento é que nossas cidades continuarão crescendo e, com elas, as necessidades de locomoção. "A solução dos problemas de mobilidade se transformou em um dos grandes desafios aos administradores públicos e de seus acertos ou erros dependerá em grande parte a competitividade futura de seus territórios. Este é o desafio sugerido, conseguir cidades mais humanas, mais razoáveis, mais sustentáveis e mais seguras, ou dizendo de outro modo: deixar à s futuras gerações cidades das quais possamos nos orgulhar”, conclui.

Para debater esses temas, Olivella terá como companheiros Jorge Cáñez (Laboratório para a Cidade), Paula Santos (WRI Brasil) e Philip Gold (iRAP), com mediação de Luiz Carlos Mantovani Néspoli (ANTP).

As inscrições estão abertas e são gratuitas. Mais informações no site oficial do evento.