Haddad recorre de decisão que determinou paralisação das obras de ciclovias

27/03/2015 08:20 - O Estado de SP

A Prefeitura de São Paulo entrou, nesta quinta-feira (26), com um pedido de reconsideração da decisão liminar dada pelo juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra, em primeira instância, que a proíbe de instalar novas ciclovias na cidade. O recurso foi ajuizado na 5.ª Vara da Fazenda Pública, onde corre o processo desencadeado por uma ação do MPE (Ministério Público Estadual), que alega que as ciclovias não teriam planejamento.

Há uma semana, a Justiça acolhera, em primeira instância, uma parte do pedido de interrupção das obras feito pelo MPE. Em sua decisão, Guerra escreveu que "a Prefeitura deve paralisar todas as implementações de novas ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas de caráter permanente no Município de São Paulo sem prévio estudo de impacto viário global e local". O magistrado, no entanto, recusou estender a proibição à ciclovia que está sendo construída na Avenida Paulista, e que deve ficar pronta em junho, como havia solicitado a Promotoria.

No entendimento do juiz, a ciclovia da Paulista "aparenta melhor estudo e planejamento" e a "utilização do canteiro central como local para a implementação da ciclovia denota preocupação com a mitigação das influências negativas para o trânsito local".

Europa terá atos em apoio às ciclovias de SP

O movimento jurídico da Prefeitura ocorre um dia após a gestão Fernando Haddad (PT) obter uma vitória importante na luta pela implementação do sistema cicloviário. Trata-se do entendimento favorável, por parte dos desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça), acerca da manutenção da ciclovia da rua Madre Cabrini, na Vila Mariana, na zona sul.

No dia 26 de fevereiro, o presidente do TJ, desembargador José Renato Nalini, determinou a suspensão da liminar de primeira instância que obrigava a retirada da ciclovia, que passa na frente do Colégio Madre Cabrini. A associação que administra a instituição entrou com uma ação contra a ciclovia, alegando suposta insegurança viária.

O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, comentou a decisão.

— Ontem (terça-feira) teve uma decisão importante do pleno do TJ, dos 25 desembargadores, que, por unanimidade, acatou a decisão do presidente. Em relação à decisão do juiz de paralisar as ciclovias, nós entramos com um pedido de reconsideração. Acho que a decisão do conselho do Tribunal de Justiça acaba ajudando, do ponto de vista conceitual. A ciclovia é necessária e importante para a cidade de São Paulo, é um novo modal de transportes.

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Juiz nega pedido da Prefeitura para liberar construção de ciclovias 

O juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra, da 5.ª Vara da Fazenda Pública da capital paulista, negou um pedido de reconsideração de sua decisão anterior, proibindo a instalação de ciclovias em São Paulo, formulado pela Prefeitura nesta semana.

"Em que pese a sedutora narrativa, capaz de motivar esse Juízo a rever seu posicionamento inicial, não se pode perder de vista que o deferimento parcial da tutela de urgência se fundou na aparente ausência de planejamento por parte dos réus na implantação do sistema cicloviário dese município, afirmação do Ministério Público que ainda não foi refutada suficientemente", escreveu o magistrado em sua nova decisão.

A gestão Fernando Haddad (PT) havia solicitado autorização para continuar com a implantação de ciclofaixas e ciclovias "em canteiros centrais e em locais onde não se verifique a supressão de faixa de rolamento" dos demais veículos. Na quinta-feira da semana passada, dia 19, Guerra já havia acolhido parcialmente um pedido feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) para que o governo municipal fosse obrigado a parar a instalação das ciclovias, embora elas estejam previstas em lei e tenham sido anunciadas como uma das promessas de campanha do atual prefeito.

A promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira, da Promotoria de Habitação e Urbanismo, alega que faltariam projetos para a implantação desses mecanismos pelas ruas da cidade. Ela também argumenta que a população não foi consultada. Ciclistas criticam a postura da promotora e afirmam que a sua ação está voltada pela visão de quem quer privilegiar os automóveis no trânsito.

Silveira chegou a pedir a destruição dos mais de 200 km de ciclovias já criados e a recomposição do asfalto nesses locais. Esse pedido, no entanto, foi negado pelo juiz Guerra. Ciclistas defendem que a paralisação das novas ciclovias e a supressão das ciclovias que já existem constitui um retrocesso nas políticas de mobilidade urbana.

Comparativamente a outras grandes cidades do mundo, São Paulo ainda tem poucos quilômetros de malha cicloviária. Em Nova York, por exemplo, há mais de 700 km de ciclovias, implantados, em sua maior parte, nos últimos anos. Em Berlim, existem cerca de 650 km de vias exclusivas para as bikes. Já em Bogotá, são mais de 300 km.

 

São Paulo, por enquanto, conta com 262,8 km de rede cicloviária. A cidade inteira tem mais de 15 mil km de ruas.