Olinda: Corredor é entrave para a mobilidade

16/08/2013 08:27 - Jornal do Commercio - Recife

TI do Xambá, que começa a operar sábado, deve atender a 44 mil passageiros diariamente

A modernidade do Terminal Integrado do Xambá, inaugurado ontem, em nada se assemelha ao caos dos caminhos que levam até ele. Os 4,4 quilômetros de extensão da Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, são marcados por buracos, falta de sinalização e confusão no trânsito. A proposta de integrar os ônibus e melhorar o transporte público na região foi recebida com desconfiança por aqueles que percorrem a via.

Sem mexer na estrutura do problemático corredor, marcado por vias estreitas e mal demarcadas, as 19 linhas de ônibus que farão parte do Sistema Estrutural Integrado (SEI) começarão a rodar amanhã, embora ainda sejam necessários ajustes na pista para a passagem dos ônibus. Segundo o secretário de Trânsito e Transportes de Olinda, Oswaldo Lima Neto, em alguns trechos da via a Secretaria das Cidades irá fechar canteiros para a passagem dos coletivos. Além disso, também será implantada a travessia em nível para os pedestres e a modernização semafórica da Avenida Presidente Kennedy. "No sábado, vamos colocar arte-educadores e guardas de trânsito para orientar os motoristas".

Ciente dos problemas, ele afirma que é hora de pensar no futuro. "Sabemos que o corredor demorou para ficar pronto e houve erros da prefeitura e do governo, mas é hora de olhar para frente", afirma. "Alguns interesses são realmente conflitantes. Mas o coletivo deve vir antes do individual", acrescenta o secretário de Governo de Olinda, Luciano Moura.

O investimento no terminal foi de R$ 5,5 milhões. Durante a cerimônia de inauguração, o governador Eduardo Campos e o prefeito Renildo Calheiros comentaram os transtornos na Avenida Presidente Kennedy, onde é comum haver acidentes e carros circulando pelo corredor de ônibus. Os dois anunciaram que farão obras de recuperação. Entretanto, prazos não foram definidos.

"Os buracos serão tapados assim que tivermos quatro ou cinco dias de sol porque usaremos asfalto quente. O frio não sustenta. É jogar dinheiro fora. É importante, agora, as pessoas terem em mente que não é possível estacionar o carro na avenida, ir na loja e voltar meia hora depois. Aproveitaremos a obra para promover ações educativas com os moradores da área", afirma Renildo Calheiros.

O prefeito disse ter recebido o Terminal do Xambá, mas anunciou que a reforma na Avenida Presidente Kennedy ainda será entregue. "O governo nos cederá efetivos do BPtran e eles tomarão conta da via. As mudanças técnicas nós faremos. Nossa intenção é que a avenida ofereça mais segurança e mobilidade."

O governador lembrou que as pessoas vão poder pegar um ônibus em Xambá e chegar a Suape, no Grande Recife. "Em Pernambuco, tínhamos uma das passagens mais caras e um serviço ruim. Fomos atrás de medidas para dar um salto na qualidade no sistema de transporte público e garantir a inclusão de mais pessoas", completa.

COLUNA JC NAS RUAS  

A 2ª morte de Kennedy

Jonh Kennedy, o 35º presidente dos Estado Unidos, nunca imaginaria que, 50 anos depois de morrer atingido por dois tiros enquanto desfilava em carro aberto, iria dar nome a uma avenida em Olinda que virou sinônimo de problema e exemplo singular da ineficiência do poder público.

Um parceria entre governo do Estado e prefeitura gastou R$ 8,8 milhões para transformar a avenida num corredor voltado ao transporte público de passageiros. Mas a verba do programa Prometrópole foi pelo ralo. Quando somados os outros R$ 5,5 milhões gastos no Terminal de Xambá, chega-se aos impressionantes R$ 14,3 milhões. Mas o resultado ficou bem abaixo da necessidade do povo. De solução para milhares de motoristas e passageiros, a Kennedy hoje é um risco à segurança dos que por ali transitam.

A entrada em operação do terminal, inaugurado ontem após longos nove meses concluído e de portas fechadas, deixará ainda mais evidente o absurdo que se tornou a avenida. Alguns ônibus, simplesmente, não conseguem entrar nas estações de embarque e desembarque, contrariando a ideia mais básica do projeto. Esta é apenas uma das várias aberrações que podem ser vistas ao longo dos 4,4 quilômetros da avenida.