10/09/2015 07:01 - Folha de SP
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
RIO DE JANEIRO - Não há dúvida de que a reforma de R$ 8
bilhões em curso na zona portuária do Rio vai melhorar muito a área, abandonada
por décadas, apesar de abrigar pontos históricos.
A bem-sucedida reinauguração da praça Mauá, no último
domingo (6), foi mais um sinal do poder de atração da região, tanto para
turistas quanto para a população da cidade.
A reabertura da praça, coração do porto, foi também um
lembrete do estilo do prefeito Eduardo Paes, tão generoso nas promessas quanto
na procrastinação.
Em frente à praça está o Museu do Amanhã, que deveria ter
sido aberto em 1º de março, como presente para os 450 anos do Rio, mas que
ficará fechado até um indefinido "fim deste ano".
Na própria Mauá, a escassez de bancos, lixeiras e árvores,
apontada pelos primeiros visitantes, também ficou para ser resolvida num futuro
incerto, segundo Paes.
Inaugurações deficientes têm sido um marco do "Porto
Maravilha": o Museu de Arte do Rio, também colado à praça, apresentou
rachaduras menos de um ano após ser aberto.
Ainda antes, a Via Binário, uma das principais novas
artérias, estreou sem sistema de drenagem e virou um rio na primeira chuva.
O mais preocupante para a região, no entanto, é o pífio
planejamento para sua ocupação. No discurso, a prefeitura pretende ampliar de
32 mil para 100 mil o número de moradores até 2021, mesclando edifícios
comerciais, de serviços e habitacionais.
Na prática, Paes deixou o mercado decidir que tipo de
construções serão erguidas –como resultado, até o momento a grande maioria é de
prédios corporativos, e os poucos residenciais são de luxo, prenúncio da
gentrificação da área.
Não há dúvida de que a reforma da zona portuária vai
melhorá-la. Só não se sabe quando, por quanto tempo e para quem.