10/03/2014 07:05 - Folha de SP
Veja na íntegra a Pesquisa de Mobilidade da Região Metropolitana de SP
A população de menor renda passou a utilizar mais o carro
para realizar suas viagens na Grande São Paulo. Na outra ponta, famílias com
renda mais alta estão usando mais o transporte público.
Em 2007, 23,4% da população com renda de até R$ 1.244
realizava suas viagens pelo modo individual, que inclui também as motos. Em
2012, o percentual subiu para 25,2%.
Entre as famílias com renda acima de R$ 9.300, tem ocorrido
o fenômeno inverso. As viagens individuais caíram de 82,2%, em 2007, para
75,9%, em 2012. E o percentual de pessoas nessa faixa de renda que passou a
usar transporte público aumentou de 17,8% para 24,1%.
Ou seja, as classes populares têm andado mais de carro e
moto, e os mais ricos, de transporte público.
Os dados fazem parte da última Pesquisa de Mobilidade
realizada pelo Metrô de São Paulo referente ao ano de 2012, e atualizada a cada
cinco anos. As entrevistas foram feitas num universo de 8.115 domicílios, entre
agosto e dezembro de 2012 e março e abril de 2013.
A grande explicação para a mudança no meio de locomoção
entre a população de menor renda deve-se à política de incentivos do governo
federal com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a
facilidade na compra financiada de automóveis e motos.
O comportamento das classes mais altas segue uma tendência
mundial de cada vez mais se libertar do transporte individual para realizar as
viagens de ida e de volta ao trabalho. Nos grandes centros urbanos, os carros
são incompatíveis com a qualidade de vida. Além do congestionamento, as
consequências diretas do uso do automóvel e de motos são a poluição ambiental e
sonora, os acidentes e mortes no trânsito e a perda de tempo.
A boa notícia é que, nos últimos cinco anos, houve um
aumento considerável da participação do transporte sobre trilhos entre os modos
de viagem da população na região metropolitana de São Paulo. As viagens
realizadas por metrô cresceram 45% e as de trem, 62%. Nos ônibus municipais de
São Paulo, o aumento foi de apenas 8%.
Esses dados são resultados dos investimentos do governo
Alckmin na rede metroferroviária paulista, que hoje conta com 335 quilômetros
que atendem a 22 municípios com uma tarifa única integrada de R$ 3.
Em 2013, o Metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos) bateram recorde de passageiros transportados: 2,09 bilhões. As
duas companhias são responsáveis por oferecer a maior oferta de transporte
público em São Paulo. Diariamente, 7,4 milhões de passageiros usam trem e
metrô. Nos ônibus municipais da capital, são 6,8 milhões de passageiros por
dia.
Só a linha 3 do metrô, que liga as regiões leste e oeste da
cidade de São Paulo, transporta em um dia 1,5 milhão de usuários, o equivalente
à população do Uruguai. Moradores de São Bernardo do Campo, Santo André e São
Caetano do Sul foram beneficiados com a extensão da linha 2 do metrô até Vila
Prudente e a nova integração da linha 10 da CPTM. De 2007 a 2012, houve aumento
de 71% nas viagens de metrô e de 85% nas de trem nessa região.
Nos últimos anos, o governo de São Paulo aumentou os
investimentos na rede metroferroviária, com quatro obras de metrô e três de
trem sendo realizadas simultaneamente. São 78 quilômetros em construção. Também
estão sendo implantados 66 quilômetros de novos corredores de ônibus
intermunicipais.
A integração do sistema sobre trilhos com o Bilhete Único e
o Bilhete Metropolitano (BOM), a inauguração de novas estações, a integração
gratuita entre a CPTM e o Metrô são alguns dos fatores que explicam a entrada
de passageiros nos transportes metropolitanos.
Além da revisão das regras de uso e ocupação do solo, os
investimentos em uma rede de transporte público de qualidade são a solução para
a mobilidade em grandes cidades como São Paulo.
Jurandir Fernandes - 65,
é secretário estadual dos Transportes Metropolitanos de São Paulo